terça-feira, 5 de março de 2013

Sob meu critério (Parte 03) – Marcelo Silva

Ainda fechando a porta, escuto movimentos dentro do carro, ela não adormeceu completamente e sou obrigado a correr. Ponho as luvas de cetim negro, pois não creio eu que eu esteja pronto para tocar sua pele e nem quero que ela sinta o meu toque ainda, ficaremos momentaneamente separados pela fina camada de tecido suave. Eu a pego em meus braços e mesmo desacordada ela reluta. Levo-a para o colchão e a coloco em cima das pétalas que a esperam. Rapidamente mas com bastante atenção, eu amarro as faixas de seda em seus pulsos, de forma firme para não sair, porem que permita sua circulação. Prendo a seda nas cordas e deixo uma sobra para permitir algum movimento, faço a mesma coisa em seus tornozelos. Coloco uma venda em seus olhos e com mais uma peça de seda eu dou um grande e volumoso nó no meio, abro sua boca e amordaço ela, Seu hálito me embriaga...

Apago a luz branca e acendo uma luz negra que rebate nas paredes, no teto e no piso branco e tudo assume um tom surreal. Acendo os incensos e ela começa a despertar. Quando acendo a última das dezenas de velas ela esta quase completamente desperta. Philip Glass invade o ambiente com sua “Island” e eu puxo uma cadeira e sento-me a sua frente a espera de seu despertar. Com seus movimentos involuntários o vestido começa a subir um pouco e exibir sua belas e torneadas pernas, mesmo agora no controle da situação eu me controlo e assumo meu papel de tutor, de mestre.


Ela acorda e começa a vasculhar o ambiente como se fosse um cego que fica olhando para cima e para os lados ao mesmo tempo. Parecia que acompanhava a cadencia da musica. Ela tenta soltar as mãos, mas não conseguia, o comprimento da corda não permitia que sua boca alcançasse os nós, como era o seu desejo naquele momento. Ela começou a se debater tentando soltar os pés mas não obteve sucessoDurante todo o tempo ela fez tudo no mais absoluto silencio, a venda em seus olhos e meu silencio sepulcral aparentemente fizeram ela imaginar que está sozinha. Ela desistiu de tentar se libertar e começou a respirar fundo, levantando o nariz como se tentasse farejar o ar. Por ultimo, como se entregasse os pontos e compreendesse que estava completamente imobilizada e indefesa, relaxou as pernas e os braços, deixando-se cair sobre o colchão. Isso durou cerca de 6 minutos, tempo suficiente para que Philip Glass terminasse sua apresentação e começasse mai uma musica, desta vez é Pink Floyd que entra nos nossos ouvidos, tocando “Hey you”.

Ela agora se mexe mais uma vez, voltando as orelhas em direção ao som, tentando identificar alguma coisa. Com bolas de gude dentro de minha boca e empostando a voz em frente a um ventilador em uma tentativa que ela não me reconheça, começo a traduzir cada verso da música:

“Ei você,”

Ao escutar a minha voz ele se estremece e tenta se proteger se encolhendo, mas a “bondage” com a qual a aprisionei não permite isso, ela tenta falar, depois gritar e só então começa a chorar. Eu assisto a tudo impassível e levanto-me e desligo a música. Aguardo o término de seu pranto, quando tudo o que resta são apenas soluços entrecortados por rugidos de raiva, Eu me levanto, e novamente ligo a música e ela novamente retoma a revolta e as lágrimas. E novamente eu desligo a música e espero... Isso se repetiu por 8 vezes.

Finalmente ela entendeu que aquilo se repetiria por toda uma vida caso ela não parasse. Novamente ligo a musica e a cada verso eu traduzo para ela:


“Ei você,
Aí fora no frio
Ficando solitário, ficando velho
Você pode me sentir?

Ei você,
De pé no corredor
Com pés sarnentos e sorriso fraco
Você pode me sentir?

Ei você,
Não os ajude a enterrar a luz
Não se entregue sem lutar

Ei você,
Aí fora sozinho
Sentado nu ao telefone
Você poderia me tocar?

Ei você,
Com o ouvido contra o muro
Esperando alguém gritar
Você poderia me tocar?

Ei você,
Você me ajudaria a carregar a pedra?
Abra seu coração, estou indo para casa

Mas isso era apenas fantasia
O muro era muito alto, como você pode ver
Não importava o quanto ele tentasse, ele não conseguia se libertar
E os vermes comeram seu cérebro

Ei você,
Aí fora na estrada
Sempre fazendo o que te mandam
Você pode me ajudar?

Ei você,
Aí fora além do muro
Quebrando garrafas no corredor
Você pode me ajudar?

Ei você,
Não me diga que não há mais nenhuma esperança
Juntos nós resistimos, separados nós caímos”

Ela escutou cada silaba tentando compreender o que se passava ou tentando identificar minha voz. Sem sucesso. Me aproximei lentamente e ela percebeu minha chegada e se agitou mais um vez, em silencio eu toquei na barra de seu vestido e ela estremeceu e começou a se debater. Pus minha mão esquerda em seu pescoço e a imobilizei. Só então percebi o quão frágil era a região de seu pescoço e ombros. Ela tinha um corpo frágil, mas acreditei que seria forte o suficiente para que conseguisse fazer a passagem do irreal para ela mesma. O contraste de sua pele branca, banhado pela luz negra e de encontro ao negro de minhas luvas montavam um quadro perfeito. O mesmo ocorreu com sua pernas.

Ao sentir minhas mãos em seu pescoço ela começou a soluçar mais uma vez, eu retomei a barra de seu vestido que já estava quase na cintura e tentando desviar o olhar de sua calcinha, puxei o vestido de volta para o lugar dele. Ao perceber isso ela, por trás da venda ela arqueou as sobrancelhas num claro sinal de curiosidade. Ela tentou falar mas não conseguiu. Nisso os pombos se inquietaram no forro e ela voltou a cabeça instintivamente para cima em direção ao teto. Seu pescoço era lindo! Sua jugular pulsava de uma forma tão violenta que parecia que iria arrebentar-se em jorros de sangue. Agora eu via suas narinas dilatas e ofegantes, um fio de mucosa escorria por conta das lágrimas e delicadamente limpei com um lenço.

Voltei para a frente do ventilador e perguntei se ela tinha sede, ela balançou a cabeça positivamente. Peguei um copo plástico e levei água para ela. Delicadamente retirei a mordaça e aproximei o copo dos lábio dela que estavam vermelhos por ficarem forçando a mordaça. Ela começou a sorver a água vagarosamente e respirando fundo. De repente ela avançou e conseguiu achar meu braço direito com a boca e cravou os dentes de uma forma que perdi as forças do braço e me esforcei para segurar o grito. O copo caui no colo dela e molhou o vestido, desenhando os bicos dos seios dela no tecido fino e úmido. Mesmo por cima do grosso casaco, seus dentes tentaram arrancar um pedaço de mim. Me deliciei com a cena, aproveitando cada impulso de dor, cada segundo da perda do controle, para só então com a mão esquerda abrir sua mandíbula até conseguir me libertar.

Ela começou a gritar como uma louca e se debater como um animal ferido de morte. Avaliei o estrago em meu braço e a segurei pelos ombros enquanto ela ainda tentava me morder. Consigui me posicionar por trás dela e pus a mordaça novamente enquanto suas ultimas palavras foram: “...Por favor me deixa ir embora...”.

Voltei para minha posição na cadeira, e comecei a explicar a situação:

- Entenda, você esta sob meu critério em qualquer parte de sua vida a partir de agora. Você compreende que tenho o poder de vida ou morte sobre você? Acene a cabeça se entendeu.

Ela maneou nervosamente a cabeça em uma afirmativa pouco convincente.

- Você se lembra da letra da música que ditei para você? Conseguiu compreender?

Ela negou decididamente.

- Caso eu retire a mordaça, você irá se comportar para podermos conversar?

Ela assentiu.

- Preciso que compreenda: Cada desobediência sua, terá uma conseqüência, compreende?

Mais uma vez ela concordou e me dirigi a ela. Quando a tocava ela se encolhia num misto de medo e asco. Retirei a sua mordaça e ela ficou em silencio. Estiquie as cordas ao máximo e ela tentou protestar ao que respondi com um “hum-hum” avisando que era um erro. Ela ficou mais linda assim com os membros distendidos, e agora completamente imobilizada. Peguei seu braço direito com as duas mãos, e mordi, mordi como se fosse o ultimo ato possível em minha vida, mordi como se fosse um lobo faminto; mordi esperando seu grito ou gemido, mas pelo canto do olho pude observar que ela apenas mordia os lábios até que eles perdessem a cor. Num momento de delírio e bobeira falei ao seu ouvido: “Ótimo, assim que eu gosto!”. Imediatamente suas sobrancelhas se arquearam e ela virou o rosto em minha direção e começou a tentar me identificar pela voz e pelo cheio. Subitamente tomado por uma ira insana comigo mesmo, me levantei e voltei à minha cadeira.

Calado e com medo que ela tivesse me identificado antes da hora certa, fiquei analisando aquele corpo perfeito em minha frente, foi quando ela falou: “Tenho certeza que eu lhe conheço, o que você quer? Dinheiro? Eu posso lhe dar, mas deixe-me ir.”. Meu silencio ia irritando ela, e ela começou a tentar ganhar minha confiança, e falava que entendia as diferenças do mundo, que ela sentia remorso de ter uma vida estável enquanto tantos nada tinham, etc. Me levantei, fui até a mesa e lá peguei um alicate de ferreiro e sem que ela esperasse, segurei o dedo mínimo dela e comecei a apertar vagarosamente e falei sem me preocupar com minha voz: “Não tente jogos mentais comigo, por hora você me pertence e você que é a peça do jogo. Acredite, você não sabe NADA sobre nada... Ainda!”. Seu dedo estava vermelho e ela calada, impassível e fria. A não ser pelo pequeno detalhe dos bicos de seus seios que pareciam querer furar o tecido.

Voltei a cadeira e falei: “Agora podemos conversar, tenho certeza que você entendeu as regras deste jogo: Eu jogo e você me segue, eu ordeno e você obedece, eu seguro as rédeas e você tem o prazer.”. Ela respirou fundo e propôs: “Você me possui, eu faço o que você quiser e depois você me deixa ir, pode ficar com o carro e com o que você mais quiser, aceita esse trato?”. Não respondi, apenas caminhei até ela, retirei sua venda e enquanto ela tentava se acostumar com a luz do ambiente eu voltei à cadeira.
Ao conseguir me identificar ela apenas exclamou: “Você???”. Respondi: “Sim, eu. Agora que você sabe que varias pessoas me viram perto de você hoje, eu não tenho nenhum problema em fazer o que eu quiser com você, afinal já serei o principal suspeito mesmo! Você agora pode ter a devida noção que tenho planos muito longos para nós dois.” Acendi um cigarro e ficamos cerca de 10 minutos em silencio nos analisando mutuamente. Esse jogo de silencio foi forte e intenso, enquanto durou o cigarro, seus olhos bailavam entre o meu olhar e o ambiente. Após esse tempo ela me perguntou sobre o gato, o que eu havia feito com ele e se era o mesmo gato de sempre, quando contei sobre o felino ela riu, mas imediatamente cortou o riso, como se não quisesse admitir que estava confortável mesmo estando presa e a minha mercê.

“O que você deseja de mim”, me perguntou. “nada e tudo. Seu corpo, sua alma e sua vontade. Mas principalmente o prazer de ver o seu prazer. Você me atrai como a chama atrai a mariposa, sua sede de tudo isso foi um chamariz e sua vida medíocre que levas ao lado de teu marido não pode nem deve continuar. Eu conheço seus desejos, eu sei de onde você veio e onde quer chegar. Você até sabe onde estão as portas, mas sou eu quem tenho as chaves. Desde que te vi na rede social e pude observar suas fotos, sua linguagem corporal com o corpo sempre voltado para longe do marido mesmo abraçando ele. Seu olhar sempre distante a procura de algo que você mesma não compreende, a forma como você encara as lentes como se quisesse entrar em outro mundo através da máquina. Você não é feliz, e seu casamento é uma farsa social que você se recusa mas ao mesmo tempo aceita levar adiante. Pude observar seus sites favoritos: Todos acerca do livro “50 tons de cinza”, e principalmente sua sede por tudo que contenha o sobrenome “Gray”. Foi assim que te vi desnuda, que enxerguei tua alma; que te escolhi como pasto de minha vontade.”

Atentamente escutando, ela pediu para que afrouxasse um pouco as cordas. Fui até a mesa e peguei uma faca afiada e me aproximei lentamente. Sua respiração quase parou, seus olhos arregalaram-se e peguei a barra do vestido, medi até a altura das coxas onde ainda cobrisse sua calcinha e cortei o tecido vagarosamente, fazendo questão que a lamina afiada tocasse sua pele. Durante toda a poda, ela prendeu a respiração, e ao final segurei seu mamilo esquerdo e apertei devagar, aumentando a pressão e falei ao seu ouvido:”entenda minha cara: aqui você não manda nem pede, no máximo pode implorar por algo. E mesmo assim não te garanto que conseguirás.”. Pus a lamina em seu rosto e deslizei até seu colo e perguntei:”Agora, sabendo que estou com uma faca afiada próxima ao teu pescoço, pode repetir a pergunta?”. E como surpreendente resposta ela me falou baixinho, quase sussurrando: ”Você poderia tomar no seu cú, seu filho da puta maldito?”

Peguei a faca e pus a ponta sobre a chama da vela mais próxima, e sem tirar os olhos do olhar assustado dela falei: “Pergunta errada!” e encostei a ponta da faca, já vermelha do fogo, na sola do pé dela. Ela segurou o grito até onde pode, segurou-se nas cordas até levantar seu corpo, arqueou as costas e de repente relaxou com um gemido de fêmea no cio, deixando-se escorrer de volta à posição inicial. Começou a chorar e virou o olhar para o outro lado. Segurei seu queixo e falei: “Não! Não acabamos nossa conversa, por enquanto quero que me fite nos olhos, pois ainda tens esse direito. E não chores! Eu sei que não é de dor, e sim de vergonha por ter se deliciado com a dor em teu pé. Agora, Repetindo mais uma vez: Pode repetir a pergunta?”.

Ela me olhou por baixo dos olhos e pediu: “Por favor, eu imploro: Me deixa mais confortável, assim não consigo pensar...”

(Continua...)

2 comentários:

  1. estou adorando sua historia,muito intrigante e emocionante,continue.......

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