sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Jardim seco e estéril

De todas as flores que brotam de meu cerne poético, apenas algumas são colhidas, deixando a grande maioria a morrer pensa nos galhos. De todas as flores não colhidas, não brotarão brotos plenos de crescimento.

Eis a roseira! Ainda vive! Mas eis também a frieza da jardinagem que a ela releva o nada!

E a roseira prenhe de amor vai morrendo, findando-se pela falta de solo fértil onde o que brota de seu interior possa encontrar ressonância e inflar-se do adubo-amor.

Eis a roseira que já não mais brota...

Eis o poeta que já não mais palpita...


Eis-me eu...

Sinto que o dia-a-dia atual me deixa cada vez mais solapado, tomado e relegado à planos mais terrenos, menos criativos, mais materiais, menos românticos.

As pessoas são más! Mesmo achando que estão fazendo o bem.

Pois necessita-se de um mínimo de aurora.

Precisa-se de uma musa que ao menos represente algo de belo, puro e (in)tangível

É necessária uma aurora!

Para mim, bastaria a réstia da aurora por baixo dos pesados portões de minha prisão.

Se ao menos eu pudesse enxergar a luz que me foi tirada, se ao menos eu pudesse tocar a brisa que não chega nas masmorras que hoje vivo; se ao menos pudesse escutar o canto dos pássaros sem as grades para filtrá-lo. Já seria muito.

Só queria um amor, e na busca, busquei longe; e no encontro, vi-me tolhido.

Faz-se imediata a presença de um mínimo de reconhecimento, um mínimo de atenção.

Olho-me no espelho e a dor maior é ver que não sou 100% imperfeito, que se fuçar bastante, tem algo bom por baixo de toda a lama.

Se minha musa escolhida não me completa, que eu tenha outra! (nem que seja imaginária)

Assim criarei a escultura da mulher buscada, a tela do amor perdido; a poesia da vida sonhada.

Assim, serei feliz dentro da caverna onde as sombras substituirão a realidade, serei feliz por trás dos véus que me protegerão das palavras frias e da opacidade do amor circunstancial. Assim talvez no sonho da mulher amada eu encontre a paz que a muito perdi.

Marcelo Silva
17/07/2009
Atordoado, porém atento!
...Hoje e sempre...

Nenhum comentário:

Postar um comentário