sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Milena Rodrigues (Entre um casamento e outro) 03

O que é acordar?

Acordar de um sonho bom?
Acordar de uma noite na qual você não dormiu?
Acordar de um doce pesadelo que mesmo te machucando, ainda assim é bom.

Há... como gostaria de saber se é bom recomeçar um sonho que sempre acaba, que sempre insiste em não continuar. É uma pena que Existam dias que são permeados por um sorriso bobo de uma paixão que não sai de mim e existam outros dias onde corro e escondo-me de mim mesmo para não pensar em você e descobrir que nunca saberei se serás minha realmente.


Sábado à noite, vivi um sonho, me vi sendo moldado por uma forma que era e não era a minha, me vi transformado em cores, cheiros e nuances. Vi-me pronto para ti. E mais uma vez você não me quis. E mesmo assim fui rastejar, implorar pela tua doce e suave companhia. Pelo teu doce e suave veneno que me entorpece os sentidos e deixa-me jogado pelo chão de estrela das minhas noites solitárias.

Então aconteceu o que esperava, consegui impressionar-te e raptar seu desejo e tua companhia.

E na noite, o mundo assistiu a um espetáculo de beleza e luz, elegância e sensualidade, carinho e romance. Pois fomos feitos um para o outro em todos os sentidos: beleza, educação, elegância, sensualidade, presença de espírito... em tudo, até no gênio desgraçado e inconveniente que aprendi a controlar e você aprendeu a usar para fugir de mim.

Agora estou aqui no frio de uma falta sem fim, no calor de uma chama que teima em não se apagar, num escuro onde a luz dos olhos teus não me alcançam.

Imagino-me em uma carruagem sem cavalos ou condutores, sem freios nem controle, sem portas, janelas e sem saídas, descendo uma ladeira sem fim onde o final que me aguarda é a dor e a destruição de sentimentos e planos que construí para vive-los ao teu lado.

Nesta ego-trip eu vejo passar na minha frente às nuances de minha vida até te conhecer, e vejo-me feliz ao lado de alguém que me amava, vejo-me feliz ao lado de meus filhos, vejo-me feliz comigo mesmo. Foi outro sonho bom do qual acordei e agora já não quero voltar para ele por completo, sinto falta de meus filhos e de mim mesmo.

Pelas frestas da madeira da carruagem eu vejo as mulheres que encontrei pelos sertões, vejo os planos que fiz na aridez do vale do São Francisco e que lá mesmo deixei. Lembro-me da volta à minha doce Caruaru, dos planos reiniciados e das mulheres que reconheci nesta volta revoltosa. Camas divididas, casas desfeitas, cabeças soltas e sonhos presos.

E aqui te conheci de novo e nos encontramos com a casualidade de teus planos de cruzar calçadas para fazer-me pensar na coincidência do encontro.

Serra dos cavalos, rapel de biquíni, carona em minha garupa, poesias de bar e amores dentro de carros estranhos.

Fui fisgado pelo teu olhar de menina safada, pelo teu aceno de mão a me chamar para dentro de teu corpo. Você despertou o amor que morava em meu peito, enfeitiçou-me com teus elogios e carinhos, deliciou-me com uma juventude que invadiu meus olhos, escorreu pelas minhas artérias e desaguou nos suores meus misturados aos teus.

Conheci-te, te quis, te tive e te perdi mais uma vez.

E agora ??? que queres que faça com este amor que você mesma não deixa morrer? Queria lutar por você, mas você não quer lutar nem por você mesma.

Onde se esconde o caminho para teu coração? Onde mora o amor em teu peito?

Queria agora ser um ser de luz e sombras, para misturar-me à noite e entrar pelas frestas de teu quarto e deitar-me ao teu lado para ver-te dormir. Depois assumiria a forma da luz, para invadir teu quarto junto com os primeiros raios de sol e despertar-te de teus sonhos, sonhos que sei que nem sempre (ou quase nunca) faço parte.

Mas é uma pena, pois nunca sei se te encontrarei a dormir ou se tua cama estará vazia e você preenchendo outros espaços em outras camas.

Nunca é cedo demais para ser tarde, nem tampouco tarde demais para ser cedo. Porque você não some de uma vez ou aparece para sempre? Teu cheiro esta tatuado dentro de meu peito e tuas formas estão impregnadas na ponta de meus dedos, teu olhar me persegue na escuridão de meu quarto, tua presença me faz fazer promessas a você e a mim mesmo, promessas de lutas e batalhas inglórias pela honra de tua companhia.

Nossa noite de sábado foi maravilhosa, encantamos a tudo e a todos com nossa imagem bela de romance e beleza. Depois saímos à noite para vermos o que provocaríamos nas pessoas com nossa presença e descobrimos o quanto somos belos e felizes um ao lado do outro, somos um conjunto de luzes e sombras, belos como uma estrela. Voltamos para nossa cama e lá, te coloquei para dormir em meus braços, você adormeceu tranqüila e serena. Tive que usar de mil artifícios para conter-me e não te agarrar e te fazer mulher mais uma vez.

Vi-te adormecer e despertar em meus braços, pude admirar tua pele morena e teus cabelos negros e teu corpo sem roupas. E quando acordastes, matasse-me mais uma vez com o veneno doce, viciante e embriagador do teu sexo. Nos bebemos, nos comemos, nos amamos um ao outro. E nos perdemos de novo, mais uma vez, novamente.

Contive-me a noite toda para não te perguntar se continuaríamos esta bela estória de amor, este romance que quis, quero e não sei o que fazer para continuar querendo ou não.

Mas a resposta não veio de tua boca. E se veio, veio maquiada e você não conseguiu fazer-me entendedor.

E agora estou aqui, sem você e você aí; não sei por onde.

Estou ficando preocupado comigo mesmo, pois estou ficando com ciúmes do ar que te rodeia, da cama em que te deitas, do lençol que te cobre, da comida que invade teu interior e da roupa que te abraça o dia inteiro.

Preocupo-me comigo mesmo pelo medo do que teu medo possa causar a mim mesmo. Tenho medo de perder-te, mas tenho mais medo ainda de perder-me de mim mesmo. Porque você não vem de uma vez para mim? Porque você da atenção a conselhos de alma sebosas recém convertidas que nem conseguem agir da forma que pregam? Onde está a real razão de tuas fugas de minha companhia?

Eu te amo, como um pássaro ama o ar em que voa, eu te amo como o peixe ama a água que o mantém vivo, eu te amo como o amor ama a si mesmo.

Vem amor, vem como a madrugada que traz a paz aos amantes, vem minha querida, vem de volta e traz de volta a minha vida e a minha paz que você leva embora a cada vez que sai de perto de mim. Vem minha amada, vem trazendo as flores que brotam aos teus belos pés, vem de volta pro nosso aconchego e traz a segurança que sinto ao teu lado, vem para me fazer feliz nos braços teus, vem para meus braços e para a paz que perdemos a cada vez que nos separamos.

Não quero ter apenas noites de prazeres com você, quero ser tua alma gêmea, quero estar ao teu lado nas alegrias e tristezas, saúde e doenças, quero namorar e brigar com você, pois se é ruim brigar com você, é muito pior brigar sem você.

Quero poder te dar a mão quando precisares, quero ser teu sendo você minha, quero construir asas para voarmos juntos por entres bares e lares, sobrevoarmos as cidades que sonharmos e pousar na mais deserta das ilhas sob o luar de nossas fantasias.

Quero ser teu guardião e te guardar de todas as ameaças físicas e imateriais que porventura venham a atormentar nossa paz que nos é tão cara e difícil.

Quero roubar as flores do jardim do éden e fazer uma guirlanda para coroar teu busto firme e belo.

Quero subir a mais alta das montanhas e gritar ao muno que te amo.

Quero, quero e não sei se é licito te querer tanto assim, você mora em minha mente, habita minha alma e nem de minhas preces lembro-me mais. Mas sei que Deus, na sua infinita sabedoria sabe que este pecado é perdoável, pois me esqueço do mundo para lembrar-me de ti.

Eu te amo tanto.

Não deixa que o pranto de meu coração mate-me desta forma. Sou eu quem foi designado por Deus para ser tua companhia, sou eu quem te ama meu amor. Sou eu quem largou, larga e largaria tudo por você.

Vem morar em meu peito, vem matar esta sede implacável e insaciável que me mata aos poucos. Traz de volta meu oxigênio e deixa eu te amar, te louvar minha deusa de beleza, minha fonte de vida.

Você é meu porto seguro, minha musa real e palpável, meu mar de calmaria e meu pouso tranqüilo.

Seria tão bom se você se decide-se por mim. Você só saberá se é vontade de Deus, se usar seu livre arbítrio para tentar descobrir. Estamos sós e juntos, estamos livres e aprisionados. Estou preso aos teus pés, amarrado pelo pescoço com as cordas de teus cabelos, ancorado em teu olhar para nunca mais sair.

Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo, Te amo...

(entendeu???)
Marcelo Manoel da Silva
(seu eterno ex-ex-namorado)
Caruaru, noite de 23 de dezembro de 2001
23:22 (quase véspera de Natal)

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