quarta-feira, 17 de junho de 2009

Desamor

Você poderia amar alguém que não te atrai? Você se sentiria atraído por alguém que não ama? O que faz nós, criaturas imperfeitas, sentirem este aperto no peito quando encontramos pessoas especiais? O que você faria com relação a alguém que te tira o fôlego cada vez que se aproxima? Qual a sua reação ao sentir o sangue ferver nas veias ao sentir o cheiro desse alguém, mesmo esse alguém não fazendo o seu tipo?
Sinto-me perdido num labirinto de emoções desde a primeira vez que senti teu corpo junto ao meu, foi tão maravilhosamente intempestuoso, sem cobranças, sem limites, sem nada... Apenas nós dois.

Foi tão louco e certo que me assustei e fugi para sempre (sempre?).

Mas a cada reencontro nosso na rua, fica o gosto amargo da fuga, do medo e da solidão em minha boca.

Tive dezenas de mulheres, centenas de paixões; milhares de desilusões.

Mas nossa estória sobreviveu e dos escombros deste cataclismo que abalou minha vida, surgiu uma flor, e ela tem o teu nome.

Mas como te dizer que te amo?

Como confessar esta paixão por você, sendo você tão diferente do padrão estético de beleza que me move nas rotas do amor?

Como aceitar este carrossel de emoções em que sou jogado a cada vez que te vejo?

Por que sempre que estou me sentindo só, ou quando brigo com as mulheres, ou ainda quando no fim de tarde de um dia cinzento (daqueles com sabor de preguiça) quero correr para ti, atirar-me em teus braços a procura as vezes de carinho, outras vezes de sexo e prazer, e outras tantas vezes apenas a procura de você?

Eu sei, São perguntas sem respostas...

A única certeza que tenho, é de que se te encontrar mais uma vez na rua, estando os dois sozinhos, soltos e perdidos a procura de se achar, vai ser como da última vez e acabaremos um dentro do outro, se abraçando e desejando que aquele momento nunca mais se acabe.

Eu sei disso, eu tenho certeza disso; pois é mais forte do que eu, mais forte que as leis dos homens e de Deus.

Se a vida fosse mais simples... Eu apenas teria que correr para teus braços e me embriagar no cheiro oleoso de tua pele. Mas tem outras coisas, tem a família, tem os filhos; tem meu medo de enfrentar coisas simples como esta.

E agora eu tenho que partir desta cidade, desta terra para talvez nunca mais voltar. O desconhecido me chama e eu não posso mais esperar, mas antes de partir eu tinha que te falar tudo isso.

O que achas que eu deveria fazer?

Esquecer esta loucura? Transformar-me em teu escravo e amante? Jogar tudo para cima?

Também não sei, minha cara, só sei disso que até agora escrevo nestas linhas tortas e desconexas que agora você lê.

Sabe, estou me lembrando agora exatamente de teu olhar sedutor e safado, olhar de mulher no cio.

O teu andar de bailarina, sestroso e sedutor, que desliza pelas minhas retinas e marca minha mente, feito uma tatuagem.

Fecho meus olhos e vejo você nua, em meus braços com os olhos fechados e a boca semicerrada pelos espasmos de teu orgasmo.

Teus quadris a corcovear em cima de mim, como se fosse você uma amazona e eu teu animal, tua montaria de prazer.

Se faz tarde no meu agreste. O cheiro da fumaça dos carros entorpecem meus sentidos tontos de você.

Sinto o tempo passar, cada vez mais me levando para longe de você. Mas também passa o tempo, chegando a hora de minha partida.

O verde das arvores se contrapõe com o azul do céu, pintando um quadro belo que me lembra a doçura de teu sexo.

Passam corpos, rostos e sons, mas não passa você.

No ônibus, vozes falam e eu rio, pensando em você e meus pés formigam, a cabeça fica leve e sinto minhas artérias acelerarem ao ritmo de meu coração apressado. Sinto meu sangue todo indo para entre minhas pernas e fazer crescer minha masculinidade.

Nesse torpor, viajo pelas nuvens que preparam o ocaso solar no horizonte. O céu começa a adquirir um tom lilás e os primeiros morcegos ensaiam seus vôos a caça de sustento.

Quisera ser eu um deles, para invadir teu quarto durante teu sono e cravar minhas presas afiadas na carne macia de teu pescoço, beijando, sugando e misturando-me a ti.

Quisera ter asas, asas longas e brancas; feito anjo, feito demônio.Para te abraçar e alçar vôo por entre as nuvens, te levando para nosso ninho no alto da mais impossível escarpa. e lá , eu te despiria, te beijaria os pés, separaria tuas pernas e cravaria minha boca quente e sedenta em teu sexo, lambendo e bebendo teu sumo de mulher.

Morderia tua cintura e arranharia tuas costas, iria por os bicos duros e excitados de teus seios em minha boca e faria você gemer de dor e prazer ao toque sutil de minha arcada dentária.

Beijaria teu pescoço e tuas orelhas, tua nuca e tua boca.

Aos nossos beijos, eu te abraçaria com a leveza de um colibri, para acariciar tuas costas; te apertaria com a força de uma tempestade, para por toda minha porção de carne de homem, para dentro de tuas entranhas de mulher.

Bombearia minha pélvis num ritmo frenético, e a cada estocada, veria tua cabeça jogada para trás, com a boca aberta de prazer e os olhos fechados de paixão.

Ao nosso gozo, procuraríamos a boca um do outro, enfiaríamos nossos dedos em nossos cabelos e gritaríamos dentro de nossas próprias bocas. Iríamos urrar de prazer.

Ainda comigo dentro de você e com nossas pernas bambas, nos deitaríamos no chão para trocarmos carícias e palavras de carinho. Eu iria sentir teu sexo ainda a latejar e olharia para teus olhinhos a me pedir mais.

Mil vidas queria viver para que tivesse mil chances de te conhecer.

Caruaru
05 de fevereiro de 2000
Você está batendo em minha porta. Lá vamos nós novamente...

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