terça-feira, 9 de junho de 2009

Minha mão esquerda (01)

A noite vai passando, aves noturnas gritam para a escuridão como que querendo rasgar meus tímpanos e abrir chacras desconhecidos. Sons misteriosos tocam meu peito mas não alcançam meus ouvidos secos, com sede de saber. Meus olhos vermelhos do sono perdido exclamam uma voz rouca e diáfana, clamando pela paz que há muito perdi nos corredores de minha alma arrogante.

Minha pele sente o sabor da memória dos átomos de minha herança genética, lembro-me dos íons que pisei nas minhas caminhadas estelares. É lá onde reside a algema que me prende ainda neste plano.

Eu comunguei o corpo do Uno, hoje desconheço o toque profundo de minhas próprias sementes. Não (des) conheço os caminhos ancestrais que um dia percorremos, mas meu sonhar me suga o Eu de volta à fonte e lá aspiro o pó das flores que plantei, ciente dos espinhos que aqui iria colher.

É madrugada alta e no despertar do mundo escorre minha inconsciência pelo ralo da vida cartesiana que me faz esquecer a vida que nunca tive.

Amanhece mais um dia!!!

Marcelo Silva
25/05/2009

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