sábado, 26 de janeiro de 2013

Tenho visto muitas coisas nesse mundo de meu Deus.


Tenho visto muitas coisas nesse mundo de meu Deus. Tenho participado ativamente de vitórias, derrotas e empates (alheios e pessoais); e tenho ficado cada vez mais cansado de tudo isso.

Oxidei minha pele de tanto perceber que o que era para ser uma obrigação moral à todos, hoje virou uma exceção. Para se elogiar alguém se fala que ele é honesto. COMO ASSIM?

Tenho assistido pais darem presente para os filhos quando esses APENAS cumprem suas obrigações (passar de ano, ter comportamento exemplar, ter respeito pelos outros, etc)

De tanto assistir a falta de agradecimento ao Divino por parte das pessoas, tenho esfriado meu sangue. De tanto perceber que o ter é mais que o ser, tenho nublado minha visão para o simples. De tanto ver (cada vez mais sozinho) que o copo está meio cheio (perdendo para a maioria que o vê meio vazio), tenho me calado cada vez mais.

Onde foram parar as risadas? O que foi feito das gargalhadas? Hoje é normal você viver 10 anos ao lado de alguém e só uma vez, APENAS UMA ÚNICA VEZ, escutar uma gargalhada plena oriunda de sua boca. Eu queria apenas fazer as pessoas rirem. Gostaria de por a alcunha de “palhaço” no meu RG; queria plantar sorrisos pelo caminho para que quem visse depois pudesse colher alegria. Mas os únicos sorrisos que encontro são de “compreesão” ou risos mornos de quem encontrou muletas nas religiões, nas filosofias e nos fundos de copos vazios.

Quisera ter um gás venenoso que exterminasse com a dureza, com a seriedade bruta e com o rancor de coisas perdidas. Quisera ter um pó mágico que varresse das faces as marcas deixadas pelas caras amarradas dessas pessoas que perderam-se da criança que um dia foram. Quisera ter um meio de sair deste planeta onde o “exemplo”, o “tamanho” e a “conduta” pregam a aniquilação da infância que alguns de nós deixaram para trás.

Somos quem podemos ser, quando nos permitem que sejamos nós mesmos. Somos o fruto de uma sociedade egoísta e alheia que assiste a tudo com uma passividade covarde e ridícula. Esquecemo-nos que somos filhos do átomo e herdeiros de um poder deixado por Deus para que evoluíssemos em direção à luz. Mas a evolução (quando ainda encontramos uma cátedra, sinagoga ou grupo que busca harmonia) que nos é ensinada prega a seriedade e a distancia dos que estão do outro lado dos muros das escolas.

Perdemos o contato com o sal da terra, buscamos coisas materiais e abandonamos a árdua tarefa de atravessar uma rua, uma cidade ou um país para poder levar algo de bom e imaterial a quem precisa. Pensando em nossos problemas nos esquecemos de pensar que a cara fechada do outro lado do balcão talvez tenha seus motivos para cultivar o rancor e o mal-humor. Preferimos também fechar a cara do lado de cá do que fazer nascer um sorriso sincero e mostrar aos outros que existe a maravilhosa possibilidade da alegria!

Estou cansado. Esperançoso e cheio de fé! Mas cansado deste caminho cheio de flores e espinhos, onde a maioria observa o espinho e ignora as pétalas. Estou exausto de arrastar minha carcaça para dentro dos depósitos de lixo para lá plantar jasmins e ver que o jasmim não floresce no metal frio nem no vidro brilhante. Estou cada vez mais ressecando minhas raízes e fazendo brotar couraças em minha pele e sendo atraído pelo brilho do bezerro de ouro. Faltam-me forças para continuar entre essas pessoas frias, distantes e alheias à dor do próximo.

Esses dias recolhi um mendingo que passava mal e o pus no carro para levá-lo ao hospital. A moça do mercado falou que era melhor deixar ele ali mesmo, que seria um a menos! E no hospital a estória se repetiu. Ao constatarem que ele estava tendo um infarto, uma das enfermeiras mostrou-se visivelmente transtornada por ter que lavar o coitado para poder tratar dele. Sua pele tinha cracas de sujeira e o cabelo carregava uma grossa película de gordura.

Meu casaco novo com apenas uma semana de comprado tornou-se praticamente inutilizável, e no banco de meu carro ficou o cheiro daquele monte de lixo que já fazia parte do corpo do pobre senhor. Fiz apenas o que o Cristo nos ensinou a fazer, mas ao contar a meus amigos eu percebi que era visto como um lunático e que isso não era de minha conta. Esse golpe foi interessante pois pude ver que ainda consigo manter a minha sanidade no meio de tanta sociopatia disfarçada de modernidade.

É... Como diria um grande amigo: “Esse mundo anda muito mal-frequentado!”, e a freqüência de nossas almas parece a cada dia abrir-se em leque de vibrações diferentes e cada vez mais não conseguimos harmonia com nossos irmãos e irmãs, com os animais e plantas do planeta, com as almas boas e os anjos de luz que estarão sempre nos velando.
Os teólogos, pastores e filósofos não cansam de falar que para alcançarmos a paz temos que nos livrar das coisas ruins e buscar o amor ao próximo, mas o lado mal parece exercer uma grande influencia sobre nossas mentes e saímos pelo mundo como se fossemos zumbis em busca de nada e de coisa nenhuma.

Cartões de credito, dinheiro no bolso, carros novos, casas bonitas e status não nos levarão à paz! As preces são importantes mas não pensem que uma oração vai lhe garantir um lugar na próxima morada! Temos que largar o material e aprender a sorrir! Sorrir com os amigos, levar um semblante feliz a quem precisa; aprender novas piadas e brincadeiras para compartilharmos essa centelha, essa fagulha divina que se chama alegria!

Marcelo “PALHAÇO” Silva
Piracicaba-SP

27 de março de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário