sábado, 23 de maio de 2009

Rapel

Esta noite tive um sonho...

Estava no alto de um pico, admirando o fato de estar ali e ter dominado aquele colosso, venci a sua impossibilidade e o conquistei, e agora me restava o caminho de volta.

Seu topo era coberto por uma densa mata negra que emoldurava seu cimo, tentei descer por suas laterais mas existiam duas grutas de onde emanava um suave perfume que me embriagou e tive que prussicar de volta ao topo.

Refiz minha ancoragem e desci pela sua frente deslizando por sua testa e vi suaves desenhos e contornos que formavam sua face.

Na cavidade de seus olhos encontrei duas jóias preciosas e hipnotizadoras.

Na negativa de seu nariz pude sentir um hálito milenar e inebriante antes de dar um lance que me jogou em sua boca de dentes brancos como a mais alva das pombas brancas.

Do queixo ao colo, faltou-me corda e tive que me lançar a sua direita, onde pousei em seu ombro moreno e quente, delicadamente esculpido.

De lá pude avistar seus montes pontudos, onde pude ancorar-me e continuar minha descida. Mas não quis continuar naquele momento, esperei que o sol baixasse e deitei-me em seu colo macio.

Rapelei seu ventre rijo, sentindo o calor de suas carnes firmes. Acomodei-me em seu umbigo para de lá montar nova base e continuar descendo até uma outra mata negra de vegetação baixia.

Esse lance foi o mais difícil e também o mais delicioso. Pois esta via exalava um cheiro que aguçou meus sentidos e deixou-me com a adrenalina a mil por hora, meu peito arfava e um vento frio me gelava a espinha.

Ao chegar no centro desta mata, deparei-me com uma fenda perigosa e escorregadia, que num vacilo meu, sugou-me e prendeu-me em seu interior. Tentei todas as técnicas possíveis para minha libertação, mas foi em vão. Esta fenda prendeu-me de uma forma que só pude me libertar quando ela assim o quis.

Estava exausto e minhas forças se esvaiam como a água fria escorre entre os dedos. Toda a minha perícia não foi o suficiente para passar ileso por este setor.

Agora me encontrava pendurado, flácido e agarrado no que me restava. Lancei minhas cordas e vi que minha decida estava apenas a meio caminho. Desci suas coxas grossas e pude constatar o belo desenho de suas ancas, seus pelos a cobrir tudo como uma suave relva. O seu umbigo agora estava encoberto pela vegetação de seu púbis. A única visão de cima que tinha eram de seus bicos tensos e retesados, como os chifres de um touro miúra prontos a desferir o golpe fatal no toureiro que ousasse arriscar-se a enfrenta-los.

Desci vagarosamente, deliciando-me com o perfume sutil que emana de sua pele. Ao fim da via, estava estacionado em seus joelhos esculpidos de forma harmoniosa e detalhada, faltava pouco.

O chão agora era mais próximo, meu fim agora também era próximo. Estava no fim de minha jornada e ao fim de minhas forças. Lancei a ultima via e aterrisei em seus pés e beijei-os em forma de agradecimento e orgulho.

Desci ao seu sopé e afastei-me para admirar tão bela via, pude constatar o quanto era pequeno perto de sua imensa beleza. Mas me senti grande em poder abrir uma nova via onde tantos já passaram, pois aquela via era única, era minha.

Estava suado e tremendo, tenso e relaxado ao mesmo tempo. Senti vertigens em meu corpo e comecei a viajar em um enorme e incomensurável gozo de prazer pela conquista alcançada.

Então comecei a acordar e ver que o sonho não era sonho, era a lembrança do corpo da mais bela ninfa dos bosques, sonhei com um passado recente onde sonhei que fui feliz.

Marcelo Manoel da Silva
Caruaru, 17 de dezembro de 2001
Tardinha, depois de Jonhy Bravo no Cartoon NetWork

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