sábado, 23 de maio de 2009

Campos do senhor

Um dia ao embarcar mais uma vez nesta descida, encontrei você, e você procurava algo que eu poderia oferecer, você queria prazer, carinho, romance...

De meu canto, observei com o canto de meus olhos o canto suave de sua voz. E neste canto de encantos, encontrei-me dominado e apaixonado pela musa, pela deusa de voz doce.

Fecho os olhos e imagino meu peito devastado pelo sopro nuclear da saudade arrasadora que ela me faz, vejo prédios, passam praças; cantam vozes, mas ela não chega até mim. Vasto mundo vasto sem porteiras, por que me fizestes assim? Que fiz para merecer este coração apaixonado e esta alma de poeta, regidos por um juízo de passarinho? Por que eu tinha que vir a este mundo com esta necessidade tão grande de trocar amor com as pessoas?

Nenhuma resposta do vasto mundo, fica apenas a certeza de que nunca mudarei, pois a poesia é meu pão de cada dia, o amor é o ar que respiro, e você é a mulher que hoje desejo.

Na minha mente reside apenas o vazio de sua ausência, no meu peito habita a solidão cruel de sentir-se só estando acompanhado, a terrível vontade de ser amado por alguém. Por que somos assim? Será que é inerente à humanidade querer sempre mais? Será correta esta busca incansável pelo novo, pelo desconhecido; pelo amor?

De onde vem esta minha paixão pelo desconhecido? O que ela fez? Qual poção mágica ela me enviou pelo olhar? Por que sinto esta falta de ar quando penso nela? De que é feito a matéria dos sonhos? Por que essa louca vontade de tê-la em meus braços?

Às vezes tenho gana de quebrar o vidro de minha alma e deixa-la escorrer pelos campos do senhor, para sair em forma de nevoa à caça da pantera negra que se esconde na escuridão do desconhecido, já não penso mais direito, já não sinto mais nada, apenas resta a desilusão de saber que jamais seremos apenas um do outro, mas é sempre bom sentir-se vivo, é ótimo saber que podemos conquistar e sermos conquistados. É maravilhoso saber-se feliz, mesmo estando no perigoso fio da navalha de uma aventura de sexo e prazer, de amor e romance.


Caruaru
Inferno astral doce e quente
26 de dezembro de 2001

2 comentários:

  1. meu amigo não tenho palavras que fale de suas poesias,como eu disse para você as vezes morbido,as vezes inspirado nos poetas românticos da segunda geração.
    o que eu posso dizer que são otimos seus poemas pelo menos eu to gostando.

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  2. SUAS POESIAS SAO TODAS BOAS,MAS ESSA MEXEU COMIGO,JÁ ME SENTI EXATAMENTE ASSIM...

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