quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Está chovendo

Está chovendo.
Pingos grossos...
Espero que lave a poeira das ruas,
E a lama dos sentimentos,
E a dor das magoas.

Esta chovendo.
Como se milhares de colírios gotejassem para tentar lavar a visão imperfeita deste mundinho.

Chove... Com cheiro de terra molhada.
Chove e me entristece, como sempre a chuva faz questão de fazer.
Minhas roseiras ficaram felizes...
Meus cães molhados...
E eu continuarei aqui, apenas eu e a sorte,
Ou azar, se mudar o ponto de vista...


Nada trás de volta o que passou.
Nada trás de volta o que não aconteceu.
Nada pode ser chamado de nada, pois talvez o nada nao exista.
Seja apenas mais uma palavra criada sem nenhum propósito.
Assim como tantas outras.

Chove lá fora.
O calor aumentou.
O cheiro da úmida terra e o barulho dos carros na chuva me levam embora.
Tantas promessas...
Tantos erros...
Tantos sonhos desfeitos...

E mais uma vez eu observo minha face fria e indiferente.
Couraças de desamor,
Armaduras de lagrimas,
Escudos de desilusões.

Tudo isso e mesmo assim ainda me deixo atingir por promessas,
Por sonhos.
Por insanos sonhos precipitados.

Ha...
Quisera ser burro, nao sofreria tanto...
Mas eis que essa vida me deu essa inteligência, essa sagacidade para perceber as entrelinhas e mesmo assim atirar-me às promessas alheias como se fossem minhas.

Como se fosse possível moldar-me?
Ou moldar ao outro?

Chove lá fora e aqui dentro meus olhos marejam
Chove lá fora e lá longe, onde agora caminha a dona das promessas, tudo continua como antes.

Chove e a chuva lava as ruas, mas nao lava minha alma.
Nao leva embora o rancor e a desilusão.

Chove e de tanto chover e nao me lavar, esqueço-me de tudo que um dia foi, do que é; e do que poderia ser.
Rei morto, rei posto... A vida segue, inexoravelmente em direção ao alvo que nao conhecemos.

De onde será que vem tantas e tantas idéias e sonhos?
Nao sei.
Só sei que chove lá fora.
E aqui dentro o calor de um abraço é inexistente.
Enquanto chove lá fora, meu peito arde em desejo, solidão e angustia.

Chove lá fora e a inconseqüente menina se vai.
Vai embora em busca de viver sabe-se lá o que.
Apenas espera-se que ela cresça e descubra o que é ser o que se é.

Marcelo silva
20 de novembro de 2013
Chove lá fora, e aqui... Aqui dentro continua a mesma coisa

Nenhum comentário:

Postar um comentário