De todas as flores que brotam de meu cerne poético, apenas algumas são colhidas, deixando a grande maioria a morrer pensa nos galhos. De todas as flores não colhidas, não brotarão brotos plenos de crescimento.
Eis a roseira! Ainda vive! Mas eis também a frieza da jardinagem que a ela releva o nada!
E a roseira prenhe de amor vai morrendo, findando-se pela falta de solo fértil onde o que brota de seu interior possa encontrar ressonância e inflar-se do adubo-amor.
Eis a roseira que já não mais brota...
Eis o poeta que já não mais palpita...
Eis... eu...
Sinto que o dia-a-dia atual me deixa cada vez mais solapado, tomado e relegado a planos mais terrenos, menos criativos, mais materiais, menos românticos.
As pessoas são más! Mesmo achando que estão fazendo o bem.
Pois necessita-se de um mínimo de aurora.
Precisa-se de uma musa que ao menos represente algo de belo, puro e (in)tangível
É necessária uma aurora!
Para mim, bastaria a réstia da aurora por baixo dos pesados portões de minha prisão.
Se ao menos eu pudesse enxergar a luz que me foi tirada, se ao menos eu pudesse tocar a brisa que não chega nas masmorras que hoje vivo; se ao menos pudesse escutar o canto dos pássaros sem as grades para filtrá-lo. Já seria muito.
Só queria um amor, e na busca, busquei longe; e no encontro, vi-me tolhido.
Faz-se imediata a presença de um mínimo de reconhecimento, um mínimo de atenção.
Olho-me no espelho e a dor maior é ver que não sou 100% imperfeito, que se fuçar bastante, tem algo de bom por baixo de toda a lama.
Se minha musa escolhida não me completa, que eu tenha outra! (nem que seja imaginária)
Assim criarei a escultura da mulher buscada, a tela do amor perdido; a poesia da vida sonhada.
Assim, serei feliz dentro da caverna onde as sombras substituirão a realidade, serei feliz por trás dos véus que me protegerão das palavras frias e da opacidade do amor circunstancial. Assim talvez no sonho da mulher amada eu encontre a paz que a muito perdi.
Marcelo Silva
17/07/2009
Atordoado, porém atento!
...Hoje e sempre...
É amigo, bem no estilo dos condoreiros de outrora. Que a sua eterna busca pela musa te sirva de fonte inesgotável de inspiração para dar continuidade à obra.
ResponderExcluirDe Bali, com carinho
Gus
Valeu amigo! fazia muito tempo que não ouvia o termo "condoreiro". para que quiser saber do que se trata:
ResponderExcluirCondoreirismo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Condoreirismo ou condorismo é uma parte de uma escola literária da poesia brasileira, a terceira fase romântica, marcada pela temática social e a defesa de idéias igualitárias.
As décadas de 60 e 70 do século XIX representam para a poesia brasileira um período de transição. Ao mesmo tempo que muitos dos procedimentos da primeira e da segunda geração são mantidos, novidades de forma e de conteúdo dão origem à terceira geração da poesia romântica, mais voltada para os problemas sociais e com uma nova forma de tratar o tema amoroso.
Fugindo um pouco do egocentrismo dos ultrarromânticos, os condoreiros desenvolveram uma poesia social, comprometidos com a causa abolicionista e republicana. Em geral são poemas de tom grandiloqüente, próximos da oratória, cuja finalidade é convencer o leitor-ouvinte e conquistá-lo para a causa defendida.
O nome da corrente, condoreirismo, associa-se ao condor ou outras aves, como a águia, o falcão e o albatroz, que foram tomadas como símbolo dessa geração de poetas com preocupações sociais. Identificando-se com o condor, ave de vôo alto e solitário, com capacidade de enxergar a grande distância, os poetas condoreiros supunham ser eles também dotados dessa capacidade e, por isso, tinham o compromisso, como poetas-gênios iluminados por Deus, de orientar os homens comuns para os caminhos da justiça e da liberdade.