quarta-feira, 15 de maio de 2013

Na beira do rio...

Só você que não nota que está indo embora de mim?
Não creio que tenha feito tal desfeita para merecer essa sua partida aos poucos, tímida; sofrida. Você está indo embora de nossos sonhos.
Talvez essa seja a melhor forma para você mostrar a sua descoberta pela escolha mais lógica. Amores vem e vão, família é para sempre.
Não sei o que te dizer, o que fazer; o que falar...


Vejo você mais distantes a cada minuto. Sinto Suas palavras mornas como um ferro em brasa em meu coração, seus beijos cada vez mais curtos não concatenam mais nossas equações, você respondendo “Eu também” quando falo que te amo me mostram o inevitável.

Mas uma coisa você nem ninguém vai poder levar embora: Foi no seu olhar que encontrei a porta para resgatar toda uma vida, foi nos seus braços que resolvi ser sincero como nunca fui, foi no seu coração que aceitei todos os meus traumas e defeitos.
Essa dádiva maravilhosa que você me proporcionou nunca será esquecida. Essa sua existência em minha vida jamais poderá ser paga.

Espero que eu tenha feito algo de bom para você. Você é um doce de pessoa, uma princesa maltratada que ninguém, além de mim, conseguiu enxergar.
Eu te achei, e você me libertou de trinta anos de sofrimento.

E agora estou na margem desse rio da vida, a tarde nublada e fria agiganta essa sensação de vazio. Vejo as lembranças passarem seguindo a correnteza. Vejo os trechos das poesias que te escrevi descendo e rodopiando nos vórtices formados pelos turbilhões que nos assaltaram, feriram de morte e que nos separaram inexoravelmente.

Lá na outra margem eu vejo pedaços das cenas de nosso louco amor: Seus gemidos e nossos suores amalgamados num só sentimento, Tuas lágrimas a te tomarem na hora do gozo, nossa liturgia tão breve e tão intensa, a promessa de sermos mais que dois, teu sossegar no meu peito após cavalgar-me pelas pradarias de nossa cama.

Por sobre o espelho d água , flutuam visões de teu olhar, misturadas com os sentimentos de tudo que montei, que confeccionei, que improvisei, que limpei, que criei, que fiz e fui por você. As garças/amigas que assistem ao nosso ocaso piam e cantam palavras doces de animo e força, mas seus sons são sobrepostos pelo silencioso estrondo barulhento de minhas têmporas. Na minha garganta encontra-se travado um objeto pontiagudo, grave; pesado. Não consigo respirar e nem toda essa água do rio da vida poderia fazer descer isso pelas minhas entranhas.

O rio não para... Ele continua sua descida... Mas nas margens ficaram restos e sobras de nossas lembranças. Fecho meus olhos, baixo a cabeça; o cheiro de flores mortas me invade as narinas. Aperto meus olhos e sinto as primeiras de muitas lagrimas a rolarem o rosto.

“...Então eu olhei para o abismo, e o abismo me olhou de volta...”

Talvez a morte do corpo, da alma, dos amores e de tudo, seja apenas uma eterna volta ao princípio.

Obrigado Pinxesa Linda... Não interessa o tamanho da dor, não me importa o que perdi do que não tivemos, pouco valor tem essa escuridão onde agora me encontro. NADA DISSO tem tamanho quando me lembro do que tive nos teus braços, do que tive quando te tive em meus braços. Obrigado menina, hoje sou completo e em busca da cura. E se não fosse por você, eu viveria nessa mentira até o fim de meus dias.

Obrigado meu grande e terno amor...

Marcelo Silva
Piracicaba, sucursal do inferno astral.
Terça-feira, 14 de abril de 2013, 02:18 PM
Billie Holiday cantando My Funny Valentine não está ajudando em nada!!!

Ps.: Do nada veio em mente um belo filme: “As pontes de Madison”
Este filme poderia trazer uma análise sobre traição/adultério feminino. Poderia ser visto retratando uma vivência amorosa que é sublimada em função da família. Mas o que chama a atenção, e o que mais emociona é a sincronicidade que faz nascer este amor entre Robert (Clint Eastwood ) e Francesca (Meryl Streep)

Ela uma dona de casa que vive numa fazenda com seu marido e dois filhos adolescentes. Ele um fotógrafo que viaja pelo mundo em busca de fotos para a revista que trabalha.

As chamas de uma paixão nascem da admiração. O amor não se sustenta sem admiração mútua. Ele viu nela um mulher forte, linda, sensual, companheira, cúmplice, mas, frustrada pela escolha que ela fez na vida, uma mulher intensa, que adora o mundo (como ele também – tudo o que ele também é -).

Ela representava para ele, a simplicidade, o amor pelo amor, sem máscaras e com toda a sutileza da situação, do lugar que, segundo ele, cheirava tão bem. Ela tinha a mesma beleza como a que ele viu nas pontes cobertas. Pontes que muitas pessoas passavam sem se dar conta da beleza que havia nela. Ele era fotógrafo, e via o óbvio com outros olhos, sentia de forma diferente as pessoas, a paisagem e o mundo em si.

Ela vê nele essa pessoa que ela também quis ser, divorciado, livre e sem amarras. Solto pelo mundo, descobrindo novas paisagens e novas experiências.

Nossa alma quer que a gente viva sendo o que somos de verdade. Mas isto nem sempre é possível.( Na maioria das vezes não é) Representamos vários papéis na vida, até pela nossa sobrevivência e prá honrar as escolhas que fazemos (no caso dela o casamento - a família)

E sua história começa,quando ela (Francesca) estava sozinha...seus filhos e marido tinham viajado. Robert chega na sua casa perguntando como chegar numa ponte. Ponte é o que liga uma margem a outra, um rio é como nossa vida, vamos indo em frente levando conosco o que nos chega das margens, mas que um dia vai também desembocar no grande mar do cosmos. Ponte significa juntar o que está separado. União dos opostos. Na psicologia Junguiana Animus (polaridade masculina nas mulheres). Anima (polaridade feminina nos homens .) .Juntar as duas margens, passar nesta ponte é estar pronta para viver o amor....a paixão...a entrega.

Amar é conhecer o outro e conhecer a si mesmo(no outro). Ela fala com toda sua espontaneidade, pois dentro dela havia um universo próprio, com humor, emoção e delicadeza. E um brilho único, que ninguém da família dela conseguia enxergar, mas que ele (Robert) sente....e que o deixa fascinado.

Sincronidade são eventos sem relação em causa e efeito. Que se unem pelo significado que tem na vida de uma pessoa.(ou duas neste caso). Esta é sincronicidade de que Jung fala, e ela (esta sincronicidade de almas) existe pra ser compreendida, vivida, pois é mais do que mera coincidência.

Quando a sincronicidade acontece nossos arquétipos internos (que se encontram prontos se ativam ) e recebem uma energia particular de um fenômeno exterior que se complementa com o que se passa interiormente em nós, o resultado é = sincronicidade. Nada é provocado. Acontece.

Francesca estava na meia idade( metanóia), tinha sonhos que não tinha vivido ainda.(sentimento interno )
Ele divorciado, experiente, sentia a vida em todo o seu contexto – tinha integralizado sua polaridade feminina (anima) – por isto era sensível e estava pronto pra alguém que o quisesse assim. (evento externo –ela Francesca)

Ela precisava ser ouvida, ser percebida.(ela queria um homem sensível - arquétipo interno constelado)
Ele precisava ser amado.(evento externo)

A grande questão sobre a sincronicidade - pra que se perceba que está presente nos eventos que nos acontecem- é prestar atenção no significado. Um evento sincronístico não está ligado por causa e efeito (Ela não conhecia nem havia planejado encontrar Robert....e nem ele....). Mas os dois internamente precisavam deste encontro....deste amor... e foi a simultaneidade que se fez presente...) Se iriam ou não ficar juntos não importa....importa sim é que este ENCONTRO mude suas vidas....e que esta junção equilibre e melhore suas existências.

Foi por acaso que o marido viajou e que ela ficou sozinha, por acaso ele bateu na porta dela justamente naquele dia, por acaso ele era um homem sensível do jeito que ela já sonhara, por acaso ela era tudo o que ele queria e precisava encontrar numa mulher depois de tantas experiências, por acaso ele já havia estava já na metade da vida e ela também... Sim, tudo isto aconteceu, mas se eles internamente não estivessem “prontos”, não aconteceria nada.....(é nossa alma a grande manipuladora)

e nos momentos e dias seguintes acontece tudo...eles se amam...se entregam a esta paixão que explode inteira...


Ele quando escuta os sons pequenos e ininteligíveis que saíam da boca de Francesca quando ela arqueava o corpo na direção dele. Era uma linguagem que ele compreendia perfeitamente, e naquela mulher que estava debaixo dele, com o ventre contra o seu, a quem penetrava profundamente. Robert Kincaid terminava a sua longa busca .

Ele por fim descobria o significado de todas as pequenas pegadas em todas as praias desertas por onde alguma vez caminhara, e de todas as cargas secretas levadas por navios, que jamais haviam navegado, de todos os rostos velados que o viram passar por ruas sinuosas de crepusculares cidades. E, como um grande caçador de outros tempos que tivesse viajado em terras distantes e agora visse o brilho das fogueiras da sua pátria, a sua solidão desvaneceu-se. Finalmente. Finalmente. Vinha de tão longe...de tão longe. E jazia sobre ela, perfeitamente realizado e inalteravelmente completo no seu amor por ela.

Há escolhas que fazemos antes dele (deste amor) acontecer e somos responsáveis por elas.(Somos as escolhas que fazemos)

Foi este “encontro” na vida dela que significou, constelou nela o sentido do que ela viveu.
Era de certa maneira uma transgressão, ela não obedeceu as regras, mas é esta transgressão criativa que enriquece e enobrece seu cuidado para com a família e com a escolha que ela tinha feito.
Foi uma decisão de sacrifício, mas com a coragem de uma alma liberta.
Que não sentiu culpa.
Pelo contrário.
Deu um sentido.
Sentido que nasce de uma personalidade que se enriqueceu com uma experiência amorosa.

E é aí que se encontra o aspecto terapêutico da sincronicidade.
É a cura que ela pode gerar na nossa vida, como atos da criação no tempo, que são catalisados por catarses emocionais.

E como disse Robert para Francesca:
“-Os sonhos são bons por terem simplesmente existido, independente de terem sido realizados”

Vivemos sobrenadando num oceano de sincronicidades, das quais percebemos uma pequeníssima parte.
Tudo acontece, com diferentes probabilidades.
Mas quem determina estas sincronicidades?

É aí que se escondem os deuses.
E nossa alma sabe.
É ela quem as realiza dentro de nós.

“Quando alguém encontra algo de que verdadeiramente necessita, não é o acaso que tal proporciona, mas a própria pessoa; seu próprio desejo e sua própria necessidade o conduzem a isso.
(H. Hesse)

Análise psicológica do file feita por Maria Poesia, no site “Recanto das letras”
http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdefilmes/1787163

Filme para baixar:
http://depositfiles.org/files/obfh4idq8





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