sábado, 16 de março de 2013

Sob meu critério (Parte 07) – Marcelo Silva


Acordei em seu colo, sendo velado pelo seu olhar carinhoso e tendo o que restava de meus cabelos em seus dedos que os acariciavam. A primeira visão que tive foi de seu sorriso a me receber de volta ao mundo. Olhei para o relógio e vi que eram nove horas da noite, dormi por horas seguidas em seu colo e notei que agora já fazia 24 horas que estávamos juntos em nosso lugar secreto. Falei para ela sobre a duração de nossa jornada e ela sorriu e deu de ombros, falando que não acreditava que o jogo tinha terminado ainda. Perguntei se ela não se preocupava com as pessoas que deviam estar à sua procura, mas ela sorriu e falou que não iria adiantar ter essa preocupação, pois ainda esperava o fim de todas as partidas.

Tentei levantar e senti uma fisgada no pescoço, notei que ela havia amarrado uma faixa de seda ao meu pescoço e prendeu a outra ponta em sua canela. Com um olhar de fúria, eu a fulminei e ordenei, cerrando os dentes, que ela soltasse. Ela sem esboçar nenhuma reação além um pequeno sorriso cínico, desatou meu pescoço e me levantei.


Peguei comida e bebida para nós dois, e ainda possesso e furioso a servi e me sentei no colchão, de frente para ela. Comecei a fitar seus olhos que escondiam algo de intrigante a assustador, ela percebeu minha curiosidade e displicentemente abriu suas pernas, se exibindo para mim enquanto se deliciava com o que trouxe para ela.

Do nada, ela começou a mexer em seus pelos sem olhar para mim. Levantei-me e fui até a mesa e trouxe uma toalha macia, um guardanapo, o sabonete liquido, uma pequena tesoura e um aparelho de barbear. Segurei-a pela nuca e delicadamente a deitei, abrindo suas pernas e deixando seu monte de Vênus à mostra. Delicadamente e em silêncio eu comecei a podar a folhagem de seu jardim mais intimo, segurando cada pequeno tufo de pelos e cortando-os rente a sua pele. A cada porção retirada eu depositava no guardanapo delicadamente. Cada vez que fitava seu olhar entre uma poda e outra, ela me sorria, mas não era seu sorriso normal. Era algo ainda indecifrável, algo de poder e vingança parecia brotar de seus olhos.

Cada movimento era um ritual, cada passo era tratado com reverencia, até que só restaram as pontas curtas e aparadas de seus pelos. Espalhei o sabonete pelos restos dos pelos e delicadamente comecei a retirar com o aparelho. Eu fazia movimentos suaves e precisos, e cinicamente procurava apoiar um dos dedos em seu clitóris enquanto com a outra mão manejava o barbeador.

Ela gemia e sorria com a mesma enigmática expressão que me fazia arquear as sobrancelhas num claro sinal de curiosidade e receio. Quando terminei, enxuguei as marcas finais do sabonete e olhando de perto para verificar a tarefa, comecei a dar pequenos beijos, que foram crescendo e se tornando mais intensos, até que estava completamente grudado e profundamente sugando e lambendo sofregamente tudo o que podia. Ela ficou de lado e segurava minha cabeça com as mãos, mantendo-me cativo com suas pernas a apertar minhas orelhas e suas mãos a me puxar em sua direção. Não demorou muito e quase sem ar e com a circulação sendo segura pelas suas coxas, eu senti seu gozo chegando rápido e bebi cada gota de seu prazer que vinha em porções generosas, quentes e deliciosas.

Ela passou alguns segundos parada e depois, enquanto eu comia alguns cookies, ela deitando-se de lado sobre o braço direito esticado, apoiou o rosto sobre a mão esquerda e me perguntou: “Então você me ama?”

Ao lembrar que antes de desfalecer deixei escapar minha confissão, engasguei e comecei a tossir, espalhando migalhas de comida por todo o colchão e tentei parar o meu sufocamento com goles generosos de água. Ela sorriu e rolando deliciosamente veio até mim, se ajoelhou na minha frente, colocou as mãos em minha face e se aproximou. Eu podia sentir o calor de seu rosto e seu hálito quente. Ela me olhou bem no fundo de meus olhos e falou: “Mas eu não te amo, isso é apenas um jogo.”

Aquelas palavras tiveram o efeito de um mergulho em água gelada. Imediatamente me recompus e me levantei. Retirei tudo de cima do colchão e agora tomado por um sentimento ambíguo entre a fúria e a decepção, me controlei para não arremessar tudo que havia pela frente na parede. Não conseguia mais olhar para seus olhos, ela ficou quieta e apenas me olhava com uma das sobrancelhas mais alta que a outra e um meio sorriso de lábios cerrados.

Eu não consegui pensar mais com clareza, meus movimentos ficaram descoordenados e sentia que o controle escorria pelos meus dedos. Fui até o canto onde estavam os baldes de água e virei um inteiro em cima de minha cabeça. Aquilo fez meu centro voltar e respirando fundo fui até a mesa e peguei uma toalha e uma muda de roupa. Me vesti cuidadosamente, primeiro a cueca, depois a camisa preta de mangas longas, depois a calça social preta, meias, sapatos e por ultimo o cinto que ainda estava úmido em cima do balcão.

Ela se levantou e veio até o limite do colchão, e com um sorriso falou: “Que bonito! Vai sair bebê?”. Com um pequeno sorriso que segurava todo o veneno que queria jorrar de dentro de mim, me aproximei e sem aviso dei-lhe uma bofetada fraca no seu rosto com as costas da mão e pus o indicador direito em riste nos meus lábios e falei: “Schiu!!! O jogo recomeçou!”. Aparentemente, ela jamais esperaria essa reação e sentou-se se encolhendo junto à parede. Comecei a repetir pausadamente as quatro regras: “Regra número 1: eu mando e você obedece. Regra número dois: você só irá falar quando for permitido. Regra número três: Muito provavelmente, quando você sair daqui, nunca mais ouvirá falar de mim. Baseando-se nisso, a terceira regra é não sentir-se envergonhada com nada! SEMPRE me olhe nos olhos! Regra número quatro: Qualquer quebra de uma das regras anteriores, voltamos de novo ao ponto de partida com você vendada e amordaçada. Voltaremos ao clorofórmio, à musica, à venda e à mordaça.”.

Fui até a mesa e lá abri o estojo com as laminas do estilete, e pus as dez dentro de um pote plástico. Fui até a caixa térmica e cobri as laminas com gelo. Peguei o tubo que estava junto ao balcão e segurando por uma de suas pernas a arrastei para o centro do colchão sem olhar para trás. Virei ela de costas, retirei o roupão negro e prendi seus tornozelos ao tubo mantendo suas pernas abertas e depois prendi cada ponta do tubo nas argolas no chão nas esquinas do colchão. Na mesa peguei outro tubo idêntico e repeti o processo em seus pulsos, deixando-a com os braços e pernas abertos, estendidos e presos.

Retirei sua coleira e pus a mordaça e a venda, não tendo mais nenhum cuidado com nada. Quanto mais eu avançava, minha fúria crescia e meu desejo de provocar-lhe dor se transformava em um tesão que fazia me doer as mandíbulas de tanto que as forçava uma contra a outra. Ela ficou estática, imóvel. Sua respiração estava normal e pausada. Fui até a mesa de lá trouxe um plug anal e após lubrificá-lo o introduzi vagarosamente entre suas nádegas, que respondendo a toda a reação de seu corpo a se contorcer de dor, fechava-se vigorosamente, tentando impedir a invasão. Pela mordaça eu escutava seus gritos e gemidos, e me satisfazia cada vez mais. Prendi seus cabelos firmemente a uma corda e puxei seu pescoço para trás e prendi a outra ponta no tubo, deixando ela ser puxada pelos cabelos, forçando sua cabeça para trás. Sempre que ela tentava baixar um pouco a cabeça, a corda roçava no plug e provocava-lhe mais dor e mais gritos abafados pela mordaça.

Ela tentava expulsar o intruso de suas entranhas, mas o plug era anatomicamente preso por suas carnes. Fui até a mesa e trouxe uma vela e um isqueiro Zippo dourado. Acendi a vela e deitei-me ao seu lado e deliciosamente esperei a cera começar a derreter, antegozando o prazer das imagens que começavam a permear minha mente. Posicionei a vela sobre seu ombro esquerdo e observei ela tentando identificar o cheiro, inspirando entrecortadamente até encher os pulmões, mas esse movimento fazia sua dor aumentar e ela mordia a mordaça com força. A primeira gota desprendeu-se lentamente da vela e ao alcançar sua pele explodiu formando uma pequena estrela de inúmeras pontas, que imediatamente se solidificou. Ela tentou encolher os ombros, mas única coisa que conseguiu foi uma contorção de dor seguida de vários gemidos e alguns palavrões que eu conseguia identificar entre seus grunhidos.

A segunda gota foi em seu outro ombro, fazendo com que tudo se repetisse novamente. A terceira gota eu deixei que caísse no inicio da fenda de suas nádegas, essa foi maior que as restantes devido ao avançado derretimento da parafina, pela chama que dançava como um derviche alucinado. Antes de se solidificar, a cera escorreu alguns centímetros entre suas nádegas que instintivamente contraiu, provocando uma vã tentativa de sacudir os pés que estavam firmemente atados e imóveis. Aleatoriamente sai pingando meu doce deleite por toda as suas costas e aproveitando cada momento do seu castigo.

Depois, fui impregnar seus braços, subindo com a cera quente a partir de seu ombro em direção ao seu pulso. Suas mãos se fechavam no ar, tentando agarrar algo que não existia e sua respiração agora era arfante, seus gritos foram sendo substituídos por gemidos cada vez mais baixos e longos. Quando me posicionei do outro lado para trabalhar em seu outro braço, notei que ela começava a massagear o plug vagarosamente com o movimento de suas nádegas, coloquei a vela no chão e com a boca próxima ao seu ouvido . Bati vigorosamente no plug com o dedo médio esquerdo por três vezes e falei: “espero que esteja se divertindo!”. Ela não esboçou nenhuma reação e continuou com seus gemidos e contrações.

Após desenhar seus dois braços com as gotas quentes, fui para suas pernas e me posicionando do seu lado esquerdo, comecei a pingar em uma de cada vez, alternando entre suas duas pernas e subindo. A cada centímetro que avançava, ela começou a mostrar seu prazer, pois cada pelo de suas costas se levantavam com tanta força que na sua base formavam-se pequenas protuberâncias, arrepiando não só seus pelos, mas sua pele também.

A cada gota que se solidificava em suas pernas, suas nádegas mastigavam o plug com mais força ainda, cada vez mais demoradamente apertando e segurando a respiração. De tanto forçar seu corpo que se contorcia, seus cabelos começaram a deslizar da corda, deixando ela com a cabeça praticamente livre aos movimentos de seu pescoço. Enfiei os dedos da mão esquerda dentro de seus cabelos em sua nuca e fechei-os com força, segurando e puxando eles com rapidamente para trás, falei bem alto: “Você fica onde e como eu quero!”. Joguei a vela que se apagou ainda no ar, num canto de uma parede distante e segurei o plug, girando lentamente de um lado para o outro, provocando-lhe um misto de dor e prazer onde a dor se sobressaia.

Ela começou a gemer mais alto e contrair-se na região dos seus quadris, então ainda segurando seus cabelos com força comecei a forçar a sua retirada que ela tentava impedir, prendendo o objeto de seu desejo como se fosse a ultima coisa que quisesse fazer em sua vida, movendo vigorosamente a cabeça em sinal de negação. Eu puxava mais um pouco e soltava, fazendo ele voltar para seu interior onde ela o acariciava com movimentos repetidos e rápidos. Demorei-me mais nesta deliciosa tortura e ela começou a se jogar para frente e para traz, iniciando mais um orgasmo longo, dolorido e extenuante. Por um momento me peguei admirando-a com ternura, mas rapidamente afastei essa sensação quando lembrei-me de suas palavras: “Mas eu não te amo, isso é apenas um jogo.”

Ela desfaleceu, e o único movimento que seu corpo produzia, alem da respiração ofegante eram algumas contrações das nádegas, cada vez mais distantes entre si.

Larguei seus cabelos e deixei-a entregue ao aproveitamento de seu prazer. Aos poucos sua respiração foi se normalizando e ela adormeceu ainda presa e com o plug dentro de si. Me levantei, peguei mais uma lata de cerveja e um cigarro e fui até a cadeira. Sentado, acendi o cigarro e abri a cerveja e bebi vagarosamente, aproveitando cada gole e respirando aliviado e satisfeito. Logo após o ultimo gole, ela começou a acordar e se sentir incomodada com o plug. Fui até ela e falei que ia retirar ele, por trás da venda vi que ela cerrou os olhos e prendeu a mordaça com mais força, se preparando para a retirada. Deitei minha cabeça em suas costas que estavam pontilhadas de pingos de cera, e com o rosto bem perto de suas nádegas e comecei lentamente a retirar. Ela tentava relaxar, mas cada movimento meu a fazia se contorcer de dor, sem nenhum prazer aparente. Me demorei muito tempo na retirada, para que eu pudesse observar sua carne e pele se distendendo ao máximo, sendo repuxadas para fora e provocando o que parecia ser o resultado choques elétricos que se espalhavam em todas as direções, jogando aleatoriamente minha cabeça que repousava em suas costas. Quando finalmente retirei, ela estava novamente ofegante e tentava contrair-se, mas a cada movimento ela sentia mais dor, até que relaxou novamente.

Peguei uma das lâminas de dentro do gelo e com a ponta gélida dela comecei pelos pés a retirar cada gota de cera solidificada em sua pele, que ainda não havia sido arrancada pelo seu contorcionismo de prazer e dor. O toque frio do aço provocava pequenos saltos de seu corpo e cada vez que uma das laminas perdia sua baixa temperatura, aquecida por sua pele que parecia ferver, eu a trocava por outra mais gelada. Quando não restava mais nada em sua pele, a não ser pequenas marcas rosáceas no alabastro alvo que revestia seu corpo, pus o pote com as laminas na mesa e voltei ao colchão. Recoloquei sua coleira e soltei seus braços e pernas. Retirei sua mordaça e sua venda e ordenei: “De joelhos!”, ela obedeceu e sentei-me na cadeira e mandei que ela se aproxima-se ainda de joelhos, ela engatinhou até o limite de seus movimentos no colchão e parou, ajoelhada e olhando para mim. Agora seu olhar estava novamente como deveria: Submisso e dominado. Acendi mais um cigarro e fumei em silencio. Quando terminei, me inclinei para frente e com os dedos das mãos entrelaçados e os braços apoiados em meus joelhos falei: “Tudo isso é apenas um jogo. Eu faço as regras e posso fazer qualquer coisa que quiser com você, inclusive mentir. Eu não te amo! Isso é apenas um jogo para o meu prazer, nada mais!”

Sua feição começou a mudar para uma cara de pranto e as lágrimas começaram a rolar de seu rosto. Ela soluça tentando segurar o pranto mordendo os lábios inferiores e apertando seus olhos com força. Por dentro eu me consumia e um grito se formava em meu peito. Minha garganta se contraiu e tive que buscar todas as minhas forças para não a pegar em meus braços e a abraçar, falando que eu estava mentindo. Mas me contive e me levantei e subi no colchão, me pondo de pé à sua frente, quase encostando-se a ela. Mandei que se levantasse e ela se levantou e começou a enxugar suas lágrimas. De meu bolso, retirei uma camisinha e segurei na mão sem que ela notasse. Mandei que tirasse minhas roupas e ela o fez vagarosamente enquanto ainda soluçava. Quando terminou sua tarefa, ela ficou de pé na minha frente e falei que o jogo estava chegando ao fim, que agora seria minha vez de sentir prazer e segurando-a pelos cabelos a fiz se ajoelhar a minha frente. Já completamente excitado, mandei que abrisse a boca e me coloquei dentro dela, deixando que ela começasse a beijar e sugar meu apêndice ereto, ela começou de forma mecânica, ainda soluçando baixinho. Aos poucos ela foi acelerando e segurou minhas nádegas e começou a querer tomar toda a extensão que não cabia dentro de sua boca. Logo, ela estava entregue àquela maravilhosa felação. Ora eu fechava os olhos e movia minha face em direção ao teto, ora me voltava à maravilhosa cena que se desenrolava abaixo dos meus olhos. Às vezes ela olhava para mim e via que suas lagrimas haviam cessado. Agora era possível identificar um olhar mais excitado e mais compenetrado em sua ação. Quando já não agüentava mais, retirei sua boca de mim a segurando pelos cabelos e entreguei o preservativo. Ela o retirou de sua embalagem e me vestiu com o látex frio e escorregadio. Em seguida me ajoelhei na sua frente e beijei sua boca, que ainda guardava o sabor de minha excitação. Deitei-a e a cobri com meu corpo, cheirando seu pescoço e prendendo suas mãos com as minhas. Ela abriu suas pernas e me encaixei entre elas. Eu roçava a ponta de meu corpo, dardejando sua pélvis em busca da entrada de sua feminilidade, e finalmente após me posicionar certeiramente, ergui meu torso e a olhando nos olhos comecei lentamente a adentrar seu corpo. Centímetro por centímetro e parando a cada pequeno avanço dentro de sua intimidade, que a essa altura já parecia um lago de sucos quentes que mesmo por trás do látex aqueciam-me por dentro dela.

Quando nossos pelos se encontraram, eu a abracei ternamente e beijei sua face e espremi nossos corpos em um abraço onde ela enlaçou minha cintura com as pernas, fazendo sumir os últimos resquícios do que ainda não fora engolido pelas suas carnes quentes, gostosas e úmidas. Lentamente comecei a me movimentar, acelerando cadenciadamente até que éramos dois animais se engalfinhando entre braços e abraços, entre beijos e mordidas; entre olhares e gemidos. Ela iniciou um primeiro gozo onde esticou seu pescoço para trás, mostrando novamente sua jugular a palpitar por trás da coleira. Cravando as unhas em minhas costas ela se pendurou no meu corpo, batendo furiosamente sua cintura contra a minha. Eu ainda estava absurdamente longe de chegar lá e continuei, e continuei mais e mais. Por mais que me esforçasse, a cada vez que sentia os arrepios prévios de meu prazer eu me lembrava de suas palavras: “Mas eu não te amo, isso é apenas um jogo.” E todo o meu prazer partia lentamente, se afastando de mim num caminhar devagar, triste e continuo. Ainda dentro dela eu a segurei a coloquei por cima de mim, ela apoiou as mãos em meu peito e começou a cavalgar-me como uma louca, e quando seu segundo orgasmo a tomou por completo ela desfaleceu em meu peito e assim ficou até que comecei a perder a rigidez e lentamente fui sendo expulso de dentro dela.

A negação de seu amor, me levou a potencia e a virilidade. Aquelas palavras ficavam dançando dentro de minha mente, zombando de mim e fazendo com que eu me sentisse inútil, desolado e sozinho. A sensação era cruel e fria, me tomava por inteiro como se minha alma lentamente me abandonasse, como se meus olhos fossem ficando cegos e sem luz. Coloquei-a ao meu lado e ela ficou naquele estado entre a morte e a vida, entre a consciência e o sono. Levantei-me e retirei o látex vazio, como se fosse um troféu à minha falta de hombridade e com ira e fúria, o joguei contra a parede. Ele parou no alto por algumas frações de segundo e se desprendeu, indo de encontro ao chão, caindo em derrota tal e qual eu me sentia. Fui até o balcão e num salto de costas, subi e me sentei. Eu olhava para a parede, mas não a via. Na minha mente eu viajava para longe e tentava entender todo aquele turbilhão de emoções em que ora me afogava. Às vezes eu olhava para o colchão e a via respirar em um cochilo suave e relaxante. A visão de seu corpo e a certeza de minha inutilidade masculina começou a me minar as forças e baixei a cabeça olhando para meu membro flácido e inerte, fechei os olhos e uma explosão se fez em meu peito, inchando-me a traquéia. Mais uma pancada em meu âmago e minha respiração tornou-se difícil. Por ultimo, quando olhei para ela mais uma vez não me contive e as lágrimas começaram a escorrer de meus olhos silenciosamente. Agora parecia que nada mais fazia sentido, revi meus passos desde sempre e me lembrei de minha recordação mais antiga: o muro de um hospital onde eu estava nos braços de alguém sob o sol fresco da manhã. A memória do céu azul e da sensação de tranqüilidade me fizeram abrir a boca, deixando escapar um suspiro que fez com que mais lágrimas descessem de minha face, molhando minhas coxas e meu sexo. Não sei quanto tempo passei nesse pranto silencioso e vergonhoso, mas quando olhei para o relógio vi que eram 1:30 da manhã.

Em um salto rápido, desci do balcão e fui até os baldes, onde lavei meu rosto, enxuguei e fui até ela que ainda dormia. Deitei-me silenciosamente ao seu lado com a barriga para cima. Tentei adormecer, mas as palavras não saiam de minha mente: “Mas eu não te amo, isso é apenas um jogo.”. As horas se arrastavam e seu corpo nu dormindo ao meu lado parecia segurar os ponteiros do relógio. Até que ela começou a acordar e falou que estava apertada, que precisava de um banheiro. Avisei que o banheiro eu havia tentado recuperar o melhor possível, mas que não era grande coisa. Ela brincou, falando que seria capaz de fazer até dentro de um chiqueiro de tão apertada, mas não consegui rir, apenas um sorriso amarelo brotou de um dos cantos de minha boca.

Soltei sua corrente a mostrei a porta do banheiro que eu havia limpo, desinfetado e pintado. Ela entrou e tentou fechar a porta, mas tive o cuidado de retirar a fechadura. Ela pediu para me afastar, pois não conseguira usar o vaso comigo na porta. Deixei a corrente estendida em direção ao balcão e me sentei na cadeira à espera de sua saída. Ela saiu e novamente a prendi no colchão pela coleira e vestindo minhas roupas fui até seu carro. Abri o porta-malas e retirei o estepe que eu havia esvaziado. Em cima da mesa havia alguns tubos de reparo de emergência para pneus e como ele não estava realmente furado, com apenas um dos kits, enchi o pneu. Coloquei o macaco, ergui o carro e troquei o pneu. De volta à mesa peguei seu vestido e uma calcinha nova e lavada que havia trazido e sem olhar em seus olhos, estendi a mão e entreguei a ela.

Reunindo o que me restava de força e dignidade, levadas pelas malditas palavras dela falei: “O jogo terminou, você está livre”

(continua)





segunda-feira, 11 de março de 2013

Sob meu critério (Parte 06) – Marcelo Silva

Ela dormiu algumas horas em meu colo, comigo acordado e alerta. Quando começou a acordar eu vi já eram 11:00 da manhã. O forro de gesso não isolava nem um mísero grau da temperatura que se desprendia do telhado de zinco que fervia no teto. Eu podia ver pequenas gotas de suor brotando de suas têmporas e seus cabelos estavam colados na transpiração de seu pescoço. Me levantei e com ela ainda meio que dormindo, massageei suas marcas com hidratante e ervas, elas já haviam diminuído muito desde nossa última sessão. Ainda dolorida, ela reclamava baixinho e pedia para ir devagar. Após algum tempo, já com as marcas menores, pedi que ela se levantasse e a prendi ao balcão novamente, ela em silencio me acompanhava com um sorriso, sem se importar com o que poderia acontecer. Desforrei o balcão e pus uma almofada, delicadamente a ergui e a sentei na almofada, seu corpo frágil e leve dava a impressão de que poderia ter se partido fácil nas seções que praticamos.

Fui até um canto do salão e de lá trouxe um dos quatro baldes com tampas que já havia preparado antes, deixei aos seus pés e com seu olhar cravado em mim fui até a mesa e trouxe uma bolsa preta. Abri o balde de água e da bolsa retirei uma esponja e sabonete líquido. Encharquei a esponja na água e depois derramei o sabonete líquido na esponja sem tirar o olhar do seu sorriso. Comecei a lavar seu braço esquerdo e falei: “Agora não estamos jogando. Por enquanto, eu como o cavalheiro que sou, devo lhe proporcionar um mínimo de conforto e atenção”


Aquele era um momento especial, era minha forma de agradecimento à sua entrega, com a maneira mais íntima e gentil possível naquela situação: Um banho de espuma com esponja. Massageie todo o seu braço, do ombro até os pulsos e demoradamente entre seus dedos que eu segurava como se fossem de cristal, percorri cada centímetro de cada dedo, de cada unha; de cada junção. Depois peguei uma segunda esponja mais macia e mergulhei na água e comecei a remover a espuma de seu braço. Peguei uma toalha macia e enxuguei seu braço, beijando suave e carinhosamente cada centímetro de sua lateral interna. Sempre elogiando sua beleza e sua fragilidade. Quando terminei o primeiro braço, sorri e a chamei de princesa, pedindo que me estendesse o outro braço para que o lavasse, beijasse e elogiasse na mesma proporção e intensidade do primeiro.

Seu silencio era maravilhoso e ela estava se divertindo com o banho. Por estar em um plano visual acima do meu, ela me olhada de cabeça baixa e variava entre o riso e a cara de tesão.

Prendi seus cabelos no alto de sua cabeça e amarrei com uma fina corda vermelha, quando apertei, ela fez de conta que tinha doído muito e com uma cara cínica deu um gemido falso e sem vergonha enquanto olhava para mim. Fui para as suas costas e comecei a espalhar a espuma, de sua nunca até a altura de sua calcinha. Depois fui para sua frente e retirei sua coleira para poder lavar seu pescoço delgado. Foi uma sensação absurdamente prazerosa sentir sua jugular palpitar na ponta de meus dedos molhados. Enxuguei seu pescoço e beijei-o ternamente, confidenciei em voz baixa que sua pele não era real, de tanta vontade que eu tinha de beijá-la. Lavei seu rosto com todo o esmero e cautela possíveis e beijei toda a sua face enxuta repetindo “Linda, linda, linda...” várias vezes. Depois lavei seus ombros e me demorei em lavar seus seios vagarosamente e massageando de forma carinhosa e suave. Depois de enxugar, acariciei-os com as costas da mão direita, e passei minha face por eles, sentindo sua pele abraçar a minha.

Lavei seu ventre e após enxugar, peguei pelos braços, e a ergui pondo minhas mãos em suas axilas e depositando-a suavemente no chão. Peguei na lateral de sua calcinha e lentamente fui baixando, eu maneava a cabeça de um lado para o outro, querendo observar seu corpo ficando nu, queria ver cada centímetro revelado pela calcinha, como se ela estivesse de vestido longo e só agora eu a veria despida.

Beijei suas ancas, e quando o limite da calcinha começou a mostrar seus pelos negros e delicadamente desenhados por uma depilação perfeita, a virei de costas para mim e continuei a retirar vagarosamente e a beijar cada porção de pele branca que me era servida. As marcas em suas nádegas exalavam um perfume de hidratante, entrecortado pelas notas das ervas, e tive o cuidado de não deixar que o tecido se arrastasse por cima.

Quando finalmente a calcinha foi completamente retirada, me levantei e abri-a procurando a parte interna que era uma mistura de gozo, suor meu e suor dela. Levei até meu rosto e inspirei profundamente, sentindo o perfume de sua intimidade que escorreu como mel e se depositou naquele tecido. Dei dois passos para trás e lá estava ela, nua! Sua pele branca chegava a brilhar sob a luz negra, e cada parte dela que estava a minha mostra eu tinha beijado. Aspirei seu cheiro profundamente mais duas vezes e guardei a calcinha no bolso de minha camisa.

Fui até ela e a virei de frente para mim, ela apoiou as mãos no balcão e perguntou: “Não estamos jogando agora?”, respondi que não e ela acariciou meu rosto e com algumas lágrimas que escorriam, sorriu me agradecendo. Não soube na hora se era pelo banho ou por tudo o que aconteceu, ignorei a dúvida e me afastei novamente para vê-la nua e de frente para mim pela primeira vez. Ela enxugou as lagrimas e cruzou um pouco as pernas e se ajeitou encostando se no balcão, fazendo uma pose que me fez respirar mais fundo, tirando-me completamente do controle por alguns instantes. Descontrolado eu avancei em sua direção como uma locomotiva e parei bem perto de seu rosto que ficou assustado e olhando para meus olhos, saltando de um para o outro sem parar.

Eu rangia os dentes, ora cerrava os lábios ora exibia parte de meus dentes. Minhas narinas se abriam e fechavam e eu chegava a bufar, como se um animal selvagem tivesse me possuído. Comecei a cheirar seu pescoço, sem tocar nele, desci para os seus ombros e fui ficando mais ensandecido. Ainda com a visão dela inteiramente nua latejando em minha cabeça, me ajoelhei na sua frente e cheirei sua púbis, profunda e lentamente. Cada vez que enchia os pulmões, eu me curvava um pouco para trás e levava a cabeça para trás querendo prender aquele odor para sempre dentro de mim. Na segunda vez que me afastei, olhei em seus olhos ainda assustados e mostrei meus dentes. Entreabri a boca e pondo a cabeça de lado avancei em um bote rápido e certeiro, segurando fortemente seus grandes lábios em uma dentada que não sei como pude controlar para não causar-lhe um grave dano.

Ela colocou as mãos em minha nuca e gemendo cheia de tesão, esfregava minha cabeça em sua direção. Aos poucos fui afrouxando a mordida e abrindo a boca, percorrendo com a língua cada fenda e cada dobra que exalava um cheiro de cio. Ela começou a forçar também sua pélvis contra meu rosto, ajudada pelas mãos, como que se quisesse que eu entrasse dentro dela por completo. O sabor agridoce de sua intimidade que eu arrancava com minha língua era tão maravilhoso que por vezes eu fechava a boca para saborear cada gota que fosse possível.

Ela abria as pernas o máximo possível e falava palavras desconexas e ininteligíveis, quando seu gozo chegou, ela praticamente desabou sobre minha boca, abrindo-se mais ainda para minha língua que alcançou profundamente seu interior, indo de encontro ao mel que escorria de suas entranhas.

Quando ela se levantou e se apoiou no balcão, vi que ela tinha explodido em prazer e lágrimas, seu rosto estava banhado por vários filetes que desciam e lavavam sua face. Seus lábios estavam desidratados e ela tentava engolir, mas sua garganta também estava seca. Fui até a caixa térmica trouxe uma garrafa de água, ela me olhou e quando abri a tampa que o gás escapou e ela escutou, ele sorriu e pegou a garrafa, bebendo com uma expressão de alívio e prazer. Com a cabeça erguida, eu podia observar sua garganta se movimentando lentamente como se vida própria tivesse. Era maravilhoso observar cada detalhe daquela mulher. Tinha vontade de dizer-lhe o quanto eu estava apaixonado por ela, mas me contive ou o jogo seria quebrado. Tive que afogar as poesias que nasciam aos borbotões dentro de meu coração que queria explodir em declarações de amor àquela linda mulher.

Queria que ela soubesse o quanto eu sonhava com ela, mesmo acordado. Queria mostrar-lhe todas as poesias que escrevi em segredo e que depois amassava o papel contra o peito, faltando o ar que só podia me manter vivo porque era o mesmo ar do mesmo planeta que ela também respirava. Precisava desesperadamente contar-lhe dos desejos que eu tinha de levá-la ao campo e colher todas as flores silvestres que eu encontrasse para ofertar à minha doce obcecação e loucura.

Mas era preciso calar, e sentindo os olhos marejarem e a garganta apertar segurando um pranto de amor incondicional, respirei fundo e com o indicador e o polegar da mão direita, apertei os olhos tentando disfarçadamente não mostrar minhas lágrimas de amor que a impossibilidade de meu corpo não conseguiu conter.

Ela terminou a garrafa e esticou o braço para observar a marca e olhando para mim com um olhar de interrogação perguntou: “A mesma marca que eu sempre tomo? A quanto tempo você me observa?”. Dei um sorriso com os lábios fechados e nada respondi. Fui até sua frente e a coloquei no chão para continuar com o seu banho que foi abruptamente interrompido pela loucura que se apossou de mim ao ver meu objeto desejo na minha frente, à minha disposição.

Ensaboei suas pernas esguias e depois fiquei de pé ao seu lado. Levantei minha mão direita com a palma para cima até quase a altura de seus olhos e deixei o sabonete liquido cair vagarosamente no centro de minha mão. Olhei cinicamente em direção a ao seu entre - pernas e de volta aos seus olhos, ela com a boca entreaberta e uma cara mais cínica ainda, afastou as pernas e se arqueou para frente. Abarquei toda sua intimidade com minha mão, esfregando o sabonete por toda a região, e delicadamente invadindo suas dobras e entradas com os dedos que escorregavam e maceravam seus lábios em todas as direções. Ela arfava e gemia sutilmente, se contendo para que não parássemos novamente. Com a ajuda de uma caneca com água, retirei toda a espuma e enxagüei o que faltava de seu corpo.

Enxuguei suas pernas com a toalha e fui beijando cada parte, até chegar ao seu pé e lambi e chupei cada dedo, beijando os pés daquela mulher que tanto me enlouquecia e me fazia sonhar com o impossível. Quando faltava apenas enxugar entre suas coxas, entreguei a toalha a ela e falei que era melhor que ela enxugasse ali, e sem conter um sorriso que nascia lá do fundo do meu peito, junto com tudo de maravilhoso que seu sorriso me provocava, me afastei.

Com seu semblante sempre maravilhoso, ela me perguntou: “Você pode pegar a cadeira e sentar ai na minha frente?”

Com um sorriso franco e balançando a cabeça sem acreditar naquilo, peguei a cadeira em coloquei ao contrário, usando o encosto para colocar os cotovelos e apoiar o queixo em minhas mãos. Ela tentou subir no balcão, e após a quarta tentativa desajeitada, ela conseguiu e paramos de rir da cena cômica. Então, rindo e fazendo caretas tentando achar conforto para as marcas em sua pele, ela abriu suas pernas, e sem tirar os olhos de mim colocou a mão por baixo da toalha e com o indicador em riste começou a passar a ponta da toalha lentamente em cada polegada de sua maravilhosa porta de prazer. O espetáculo durou vários minutos, ela punha a toalha entre seus lábios depilados e jogava a cabeça para trás, apertando os olhos, numa clara demonstração de que aquele jogo estava lhe dando muito prazer. Ela se exibia e esse exibicionismo era mostrado com maestria. Ela sabia se exibir e sabia como fazer isso de forma magistral.

Quando terminou, ela desceu desajeitadamente e olhou pelo balcão até localizar a coleira e a trouxe até mim. Me entregou seu objeto de submissão e se ajoelhou de costas para mim e levantou os cabelos com as duas mãos e os dois braços, se empinando com uma classe e uma elegância que só mesmo as princesas podem ter. Coloquei e prendi na corrente com o cadeado. Ela se levantou e senti que sua nudez agora lhe incomodava um pouco, me levantei e em cima da mesa abri um pacote que continha um roupão de seda negra com motivos orientais bordados em vermelho. Entreguei a ela e ela o vestiu, desfilando e ajeitando o tecido sobre sua pele, escondendo seu corpo de meus olhos, que se estreitavam tentando enxergar o vão frontal que às vezes se abria e deixava entrever suas deliciosas pernas. Ela ficou na frente do colchão e me mostrou a corrente, ainda presa ao balcão, que a impedia de voltar ao colchão.

A essa altura meus testículos latejavam de dor, querendo explodir toda a excitação das ultimas horas. Ao tentar me levantar da cadeira para mudar a corrente de posição, deixei escapar um gemido e tentei evitar ao máximo demonstrar meu incomodo, mas a cada passo, a dor era exibida em minha face, e o fato de estar mancando não ajudava na encenação. Lentamente fui até o balcão e soltei o cadeado da corrente, e depois mancando cada vez mais e mais lentamente ainda consegui prender o cadeado na sua nova posição, com um gemido longo que não consegui conter.

Peguei a cadeira e me sentei dolorosamente, olhando para ela que se deliciava com a cena. Já sentado, levei a mão até no local de minhas dores e tentei colocar meus testículos em uma posição mais confortável, mas apenas o toque neles, fazia minhas forças sumirem e espalhavam um grande incômodo. Ela veio engatinhando até a borda do colchão e perguntou se já estávamos jogando novamente, respondi que ainda não e quis saber o porque da dúvida dela. Ela me perguntou se podia fazer algumas perguntas e assenti com a cabeça, pois naquele momento até falar era dolorido.

Ela quis saber por que eu não havia gozado nenhuma vez e só havia lhe tocado com as mãos e a boca, respondi que eram as minhas regras do jogo, e que ao final de tudo eu teria minha satisfação. Ela perguntou se eu iria agüentar e tive que responder que essa tinha sido a primeira vez que meu limite tinha chegado muito antes do final. Ela deu um sorriso com um olhar de orgulho, demonstrando que sua auto-estima renascia mais uma vez..

Perguntou-me porque eu não gozava para parar com a dor e repeti que era meu jogo e minhas regras. Eu estava com a cadeira bem próxima ao colchão, inclusive com meus pés em cima dele. Ela esticou a corrente no limite e pendurada pelo pescoço, suas mãos alcançaram as laterais de minhas coxas. Com a coleira praticamente a enforcando ela falou com a voz rouca e presa que gostaria de fazer um carinho e começou a passar suas mãos em minhas pernas. Repeti: “Meu jogo e minhas regras”. Então ela voltou um pouco para trás e sem tensão mais na corrente, ficou séria e falou: “Mas o jogo ainda não começou! E quando começar, você não vai conseguir seguir suas regras se não melhorar essa dor. E se as regras forem quebradas por você, eu não poderei fazer nada. Isso não é um jogo, é uma coisa parecida com um jogo onde você muda de regras durante a partida.”.

Fiquei alguns instantes roendo a ponta da unha do polegar direito sem deixar de olhar para ela. Neste momento todo o meu planejamento ameaçou desabar, pois eu estava cada vez mais louco por ela e ela cada vez mais entrava na fantasia, agora conseguindo deturpar minhas condições. Me levantei dolorosamente, estava piorando a cada minuto. Da caixa térmica trouxe gelo e embrulhei em um lenço de seda, entregando a ela a bolsa de gelo improvisada. Me sentei vagarosamente e pus meu quadril na borda da cadeira, ela se aproximou e começou a puxar minha cueca. Ao sentir o toque do tecido sendo substituído pelo toque de seus dedos, um arrepio nasceu na base de minha coluna, e como um raio subiu pela minha espinha e explodiu no meu cérebro. Imediatamente tive uma ereção absurda, densa e dolorida. Me contorci na cadeira com a absurda dor e ela parou, esperando que eu me ajeita-se na cadeira novamente. Ela retirou a cueca e toda a minha masculinidade saltou na sua frente, deixando ela parada por alguns instantes, admirando aquela parte de meu corpo que agora a fascinava.

Ela pegou o gelo e delicadamente, respeitando cada gemido meu e parando a cada contração minha, ela levantou meus testículos e colocou o gelo embaixo deles. O toque do gelo primeiro me causou uma terrível onda de dor que parecia que ia me desfalecer, respirei fundo e segurando o fôlego, esperei que a dor diminuísse e relaxei um pouco. Foi quando percebi que ela continuava a fitar minha ereção sem piscar.

Tentando desesperadamente pensar, acabei brincando com ela e perguntei se nunca tinha visto. Ela ainda séria olhou nos meus olhos e falou que de corpo de homem, só havia conhecido o do marido, e que a diferença era visível. Ela colocou as mãos nos meus joelhos e foi acelerando a respiração e subindo as mãos lentamente em direção ao seu alvo. A cada centímetro que ela avançava, eu sentia choques elétricos onde seus dedos tocavam e a cada descarga eu pulsava mais forte. Ela chegou à base, e passou a palma das mãos suavemente pelos meus pelos encaracolados, enfiando a ponta dos dedos e acariciando a pele na base dos pelos.

Ela me olhava como se eu fosse uma presa, e ela a predadora. Seu olhar começou a mexer comigo e assustado com minha própria reação, olhei para cima e fechei os olhos. A dor de meus testículos se misturava ao prazer de seu toque. O mundo começou a rodar e comecei a ver pontos luminosos e brilhantes por todo o salão. Mesmo de olhos fechados eu imaginava suas mãos frágeis, alvas e delicadas lentamente envolvendo meu membro que pulsava descontroladamente. Minhas nádegas começaram a se contrair, anunciando o inevitável e eu tentava me esforçar para voltar ao controle, mas nada respondia aos meus pensamentos.

Bastava uma palavra! Eu poderia simplesmente pegar seus braços e parar com aquilo, mas era mais forte que eu, que as leis da física e da natureza. Tentei pensar em varias coisas para retardar aquilo e retomar o controle, mas nem mesmo as imagens mais loucas e brochantes duravam mais que algumas frações de segundo e a imagem de suas mãos voltavam e me socavam o estomago, fazendo eu expulsar todo o ar dos pulmões.

Então veio o golpe de misericórdia. De olhos fechados e sem ar, já sem forças e até sem minha alma que parecia ter deixado meu corpo, eu senti seu hálito em meu corpo, abri os olhos e a vi com a cabeça de lado, lábios entreabertos e olhos fechados, se aproximando vagarosamente e abrindo a boca cada vez mais. O primeiro espasmo muscular fez com que eu agarrasse a borda da cadeira com tanta força que senti faltar sangue nos dedos.

Abri os olhos novamente e via sua boca mais perto ainda, agora eu podia sentir o calor de sua pele na minha pele. O segundo espasmo foi mais forte e apertei ela entre minhas pernas e meu corpo começou a tremer. Num esforço derrotado, abri novamente os olhos e vi suas duas mãos me segurando e me direcionando para sua boca aberta. E então ela saiu de seu transe e violentamente abocanhou com os lábios o que restava de mim fora de suas duas mãos.

A visão foi o primeiro dos sentidos que começou a falhar, eu não conseguia mais enxergar. Meus ouvidos começaram a zumbir e quando ela iniciou a descida com sua boca, estirei minhas pernas para frente e joguei minha cabeça para trás. Senti que minhas mãos perdiam as forças e que meus ombros se contraíram. Essa contração viajou até suas mãos e a primeira explosão aconteceu, dolorida, sofrida e presa! Esperei que ela fosse retirar sua boca, mas ela sugou com mais força, querendo beber até minha ultima gota de sangue se fosse possível.

Veio a segunda explosão, menos dolorida, mais forte e mais rápida. Comecei a sucumbir e sentir meus olhos arderem e lágrimas escorrerem pelas minhas têmporas.

Na terceira, minhas mãos se soltaram da cadeira e perdi o controle de meu pescoço e minha cabeça permaneceu tombada para trás. Não sentia mais meu corpo, ele foi reduzido àquela porção que agora estava em suas mãos.

Depois, os movimentos de meu corpo foram ficando mais fracos até que pararam. Mas ela continuava a me sugar. Reuni minhas forcas num ultimo ato de desespero e tentei erguer a cabeça. Através de uma névoa que invadiu minha visão, tive o vislumbre dela abrindo os olhos e me olhando se me tirar de dentro de sua boca. Então ela abriu a boca e com a língua para fora ainda exibindo minhas marcas liquidas, lambeu desde a base até a ponta.

Comecei a gozar novamente em seguida e não pude mais resistir, desfaleci em um desmaio onde parecia que eu estava no fundo de uma piscina de águas negras, onde eu sentia o prazer, mas não sabia onde estava. Não parecia que eu estava no meu corpo. Parecia que minha mente havia sido submersa no escuro e que o prazer chegava ate mim por todos os poros de minha pele. Tudo foi sumindo. Os sons, a sensação de estar vivo, o contato com o mundo real e quando tudo começou a falhar, ainda tive forças para balbuciar:

“Eu te amo...”

E tudo ficou escuro.

(Continua)

domingo, 10 de março de 2013

Sob meu critério (Parte 05) – Marcelo Silva


Mesmo dormindo, eu estava em alerta, e escutei o barulho da corrente e despertei sem me mexer, entreabri um olho e vi-a de costas, forçando o cadeado e de vez em quando olhava para trás para se certificar se eu estava dormindo, entre uma olhada e outra silenciosamente me ajeitei na cadeira e vi que já eram 6:35 da manhã. Fixei meu olhar gravemente e esperei ela se virar. Ao se deparar comigo acordado e olhando para ela, ela cobriu os seios e a calcinha, se encolhendo por alguns instantes e depois surtou, gritando e puxando a corrente desesperadamente.

Ela ia machucar suas mãos inutilmente. Levantei-me e ela se jogou num canto e se encolheu, quando cheguei perto dela ela saltou para o outro lado no limite da corrente e se encolheu de novo, escondendo a cabeça entre os joelhos. Ao notar meu movimento ela tentava se afastar mais ainda, mas a corrente não permitia. Cheguei perto dela e ela começou a rosnar de raiva. Não me intimidei e cheguei mais perto, foi quando ela saltou em cima de mim e tentou me enforcar com a corrente. Suas unhas arranhavam meu rosto e pescoço, e a corrente esmagava minha laringe. Enfiei minhas mãos em seus cabelos e a dominei.


Ela se acalmou um pouco e peguei as cordas para imobilizar-lhe novamente. Ela resistiu, mas coloquei ela na posição inicial, quando me aproximei com o clorofórmio ela gritou e rosnou novamente para mim. Quando ela adormeceu, olhei para o relógio e já eram 7:20 da manhã. Fui cuidar dos arranhões e no espelho vi que não eram profundo. Repeti a mesma ladainha das cordas, da mordaça e da venda. Quando ela acordou que se viu presa e novamente vendada e amordaçada arqueou o peito para frente e cravou os dentes na mordaça com uma força que parecia que ia partir o tecido com sua boca.. Suas pernas começaram e se contorcer e suas coxas ficaram se esfregando uma na outra, ela começou a gemer e a uivar alto por trás da mordaça e para meu espanto começou a ter um orgasmo forte, intenso e longo.

Quando ela se deixou cair presa pelas cordas, extenuada e arfando cansada, eu retirei sua venda e ainda de mordaça ela sorriu e piscou o olho para mim. Não entendi e minha cara de intrigado fez com que ele sorrisse mais. Retirei a mordaça e antes que eu falasse qualquer coisa, ela pronunciou a primeira palavra daquele dia: “Delícia” e começou a rir muito alto. Voltei à cadeira e quando me sentei ela parou de rir e falou: ”Eu posso gostar de jogos também! E desta vez você não foi tão inteligente. Eu enganei você e consegui o que eu queria, sonhei varias vezes pensando em acordar amarrada, vendada e amordaçada.”.

Fiquei em silencio, analisando a situação por alguns instantes, ela avançou o rosto o mais que pode em minha direção e falou: ”O que foi? Perdeu a vontade de falar? E olha que nem precisei usar mordaças em você.” E riu novamente, ria às gargalhadas. Aquela inversão de papeis era inaceitável para mim, eu gosto que as coisas estejam sempre sob meu controle, sob meu critério. Mas aquela atitude dela não poderia ser ignorada, ela se entregou a um fingimento perfeito, com a única intenção de conseguir sentir de novo aquela sensação. E para isso simplesmente fez com que eu seguisse minhas próprias regras. FOI BRILHANTE! Não agüentei segurar o riso e acompanhei-a em uma longa risada, entrecortada por olhares apaixonados de um para o outro. Foi seu primeiro passo próprio em direção a descoberta.

Me levantei e peguei uma maçã e comecei a comer, ela se ajeitou , e mesmo com as mão presas fez um movimento de mesura com as mãos e com a cabeça me dizendo com o corpo: “Estou às ordens!”

Coloquei sua coleira e a acorrentei novamente, libertando-a das cordas, sentei ao seu lado no colchão e bati nas minhas pernas a chamando com um olhar para que sentasse em meu colo. Ela sentiu e aninhou a cabeça em meu ombro e olhando para as marcas em meu pescoço, fez uma voz como se estivesse falando com uma criança de dois anos e perguntou: “Fez dodói bebê?”. Olhei em sua direção e ela se ajeitou de lado no meu colo e me olhou, querendo invadir minha cabeça com o olhar, pulando o foco de seus olhos de um olho meu para o outro, repetidamente e com um sorriso cínico e lindo nos lábios.

Ela passou as mãos em minha barba e estreitando os olhos me puxou e afundamos em um beijo que começou violento, com nossas mãos lutando para segurar a cabeça um do outro. Nos engalfinhamos até que o beijo foi ficando mais calmo, foi ficando terno e nossas mãos agora acariciavam nossos pescoços e começamos a trocar pequenos beijos, intercalados com olhares demorados e profundos.

Ela sentou de frente para mim, abraçando minhas pernas com as suas e tentou tirar meu casaco e abrir minha camisa, eu a impedi e com um maneio negativo da cabeça fiz com que parasse. Ela fez uma carinha de criança mimada, com direito a fazer beicinho. Aquilo me encantava e novamente deixei escapar um sorriso com o canto da boca.

Apontei o indicador para baixo e fiz um movimento circular, indicando a ela que queria que ela virasse para frente no meu colo, ela o fez e abracei ela pondo minhas duas mãos dentro de sua calcinha e comecei a bolinar seus lábios e brincar com seu clitóris. Ela punha as mãos na minha nuca e rebolava gemendo. Parecia estar possuída. Mordendo os lábios, gemendo e se contorcendo. Retirei a mão direita e levei ao meu nariz, aspirando profundamente, não apenas para sentir o cheiro de sua intimidade, mas também para estampar seu aroma em minhas narinas para nunca mais perder essa lembrança.

Enquanto eu fazia isso, ela olhava para trás e vendo a cena se excitou mais ainda e segurou meus cabelos com força e se esfregava com mais força em meus dedos da mão esquerda que ainda a acariciavam sob a calcinha. Ela começou a jorrar seus sumos em uma excitação imensa, e eu comecei a passar os dedos molhados no rosto dela também, inicialmente ela tentou evitar, mas depois começou a esfregar seu rosto em minha mão, cada vez mais excitada e quanto mais enlouquecia, mais sucos eu tinha para espalhar em nossos rostos. Ainda com o pescoço virado para trás, começamos a nos beijar, misturando nossos corpos, sumos, suores e arrepios, então ela começou de novo a entrar em um orgasmo forte, agudo e silencioso, cerrando os lábios com os dentes.

Depois de se recuperar, ela deitou a cabeça na minha coxa esquerda, abraçou minha pernas e se aninhou confortavelmente e ficou imóvel, como se dormisse, mas as vezes ela abria os olhos, se assustava por alguns momentos e depois relaxava de novo.

Quando ela se espreguiçou, despertando, eu perguntei se tinha sede ou fome, ela sorriu e fez que sim com a cabeça, peguei frutas e líquidos para ela, que comeu com uma delicadeza de uma princesa, impossível imaginar que aquela dama educada e elegante era a mesma que a poucos minutos cavalgava meu corpo como uma ensandecida. Ela acabou e colocou as coisas no chão, o mais longe que a corrente permitiu. Voltou e se ajoelhou na minha frente, sorrindo e limpando os dedos, chupando-os sensualmente. Ela começou a me fitar o corpo completamente, movendo a cabeça e percorrendo o olhar desde meus pés descalço até meus cabelos, esperando alguma reação minha que apenas continuava a observar sua busca pelo meu corpo. Me levantei e falei : “Vamos fazer a digestão?”.

Fui até o balcão e retirei os objetos que estavam em cima, soltei a corrente da parede e prendi em uma argola no balcão, peguei um tubo de PVC com mais ou menos um metro, com as pontas perfuradas e duas cordas de seda presa pelos furos. Afastei suas pernas e prendi cada tornozelo em cada ponta do tubo, deixando ela com os movimentos das pernas limitados.

Contornei o balcão e prendi seus pulsos separadamente em uma posição confortável, fui até a mesa e trouxe um vibrador ovaloide que pus dentro de sua calcinha que ainda estava encharcada, posicionei o objeto bem no inicio do encontro de seus grande lábios e prendi com a calcinha, ela apenas acompanhava tudo com um olhar que mesclava excitação, medo e curiosidade. Voltei até sua frente e pus o controle de velocidade bem na sua frente, dei um pequeno sorriso e falei: “Vamos conversar!”

Quando liguei o vibrador na velocidade mínima, ela gemeu gostosamente e tentou esfregar as pernas, mas não tinha como.

Falei : “Bom Dia”, e aumentei um pouco a velocidade, ela tentou responder, mas as palavras não saiam de sua boca, e seu rosto mostrava uma feição de prazer e desespero por estar sendo tomada por choques de prazer. Ela estava em pé, sobre suas pernas, porém imobilizada sem poder se tocar ou controlar nada. Ela mordia os lábios, fechava e revirava os olhos tentando responder até que conseguiu falar tremulamente. E depois sorriu satisfeita. Pedi que ela falasse quem estava no domínio agora e aumentei a velocidade mais um pouco, ela apertou os olhos, deu um gritinho agudo e se curvou pondo o lado do rosto no balcão empinando e rebolando as nádegas, repeti a pergunta e ela disparou a repetir “Você!” sem parar e soluçar fechando os punhos e batendo eles contra o balcão.

Diminui a velocidade e ela me olhou com uma cara de raiva, decepcionada com a queda da velocidade. Desliguei completamente e esperei ela se recuperar e falei que agora íamos evoluir nosso jogo mais um pouco. Liguei o vibrador e acelerei um pouco e comecei a tirar o casaco lentamente enquanto ela intercalava contorções com olhares, acompanhando minha lenta retirada da peça de roupa, acelerei mais um pouco e retirei o cinto da caça, deixando-a cair e ficando apenas de camisa de mangas enrroladas e cueca Box. Aumentei a velocidade mais um pouco e enrolei metade do cinto na mão direita, contornei o balcão e falei na sua orelha que ela tinha se comportado muito mal, que era uma menina mimada e que seria castigada. Mudei minha voz como se estivesse falando com uma criança de dois anos e falei: “Ta bom bebê?”.

Comecei a passar a ponta pendente do cinto nas suas costas, subindo de sua calcinha até sua nuca, fazendo ela se contorcer de uma forma que eu podia escutar estalos de suas articulações que estavam sendo forçadas aos limites.ela olhava para trás, com uma carinha de safada, rindo e sendo sacudida pelo prazer. Peguei o cinto e dei um pequeno golpe na sua nádega esquerda, que fez com que ela gemesse longamente e afastasse seu quadril de mim, indo em direção ao balcão, mas logo depois, , com um sorriso cínico nos lábios, ela olhou para trás e trouxe o quadril novamente em minha direção.

Levantei a mão direita na altura de meu ombro, esperei ela olhar para o cinto e desferi outro golpe, desta vez com mais força. O estalido do cinto na sua pele preencheu o galpão e ela gritou longamente e tentou mexer o quadril para tentar se acostumar com a dor, mas o tubo em seus tornozelos a impedia. Ela ficou ofegante, deitada com o torso em cima do balcão e lágrimas começaram a descer de seus olhos. Esperei ela voltar o quadril, mas ela se demorou e aumentei a velocidade do vibrador.

Ela abriu a boca para gritar, mas nenhum som saia de sua boca. Ela voltou o quadril e desta vez ergui minha não com o cinto até acima de minha cabeça, ela arregalou os olhos e começou desesperadamente a balançar a cabeça de um lado para o outro. Assustada, ela afastou o quadril novamente e escondeu a cabeça no balcão. Peguei a cadeira e encostei no balcão, entre ela e a parede, com o assento virado para mim. Pela corrente da coleira puxei sua cabeça para trás e ordenei que olhasse para mim,ela ainda balançando a cabeça, mas vagarosamente, olhou para mim e para o cinto que estava mais alto que minha cabeça.

Eu ordenei que ela pedisse a cintada, mas ela só ficou balançando a cabeça negativamente e com os olhos arregalados. Aumentei a velocidade no máximo e ela não agüentou a sensação de prazer que a tomou de assalto e para não cair e ficar pendurada pelos pulsos, deitou-se novamente no balcão e tentou se ajoelhar na cadeira, mas o tubo não permitia. Falei mais alto:”Pede!”. Ela olhou para trás e falou: “Me castiga, eu sou uma menina-má”e jogou o quadril para trás, ficando empinada como se estivesse usando o mais alto salto do mundo. Desferi mais um golpe e ela se apoio nos cotovelos e levantou as duas pernas agitando-as no ar, empurrei a cadeira com o pé e ela colocou os pés no chão, e gritando e gemendo começou a sapatear no chão, gritando e chorando. Quando ela se acostumou com a dor, ela arfava como se estivesse tendo mais um orgasmo. No seu corpo estavam duas marcas, uma meio rosa e outra rocha, que estava como se fosse um vergão em sua pele.

Ainda trocando olhares, pus a mão na altura de seu quadril e balancei ele no ar, ela se arrepiou e se empinou mais uma vez e novamente pediu para ser castigada, desferi um golpe pequeno propositalmente, ela olhou para trás e vagarosamente mudei a altura do cinto varias vezes. Depois perguntei-lhe qual era o tamanho de sua maldade e pus a mão na altura de sua cintura, ela balançou a cabeça negativamente, subi mais um pouco, ela deu um sorriso maravilhoso, deitou a cabeça novamente fechou os olhos, desferi mais um golpe, desta vez ela não conseguiu mais se segurar e começou a gozar novamente.

Seu prazer desta vez vinha em ondas que faziam ela se encolher e depois se esticar num espasmo lento e comprido.As ondas tinham o tempo de uma respiração profunda e lenta. Assisti por alguns instantes, e depois cada vez que ela inspirava eu desferia outro golpe, desta vez com menos força, mas que ainda faziam as ondas voltarem com força total. Ela não conseguiu parar de gozar com o vibrador no máximo e comigo açoitando seu corpo. Após algum tempo ela começo a amolecer, seus joelhos começaram a tremer e sua boca se mexia involuntariamente.

Desliguei e retirei o vibrador e soltei suas pernas e braços, ela não conseguia se firmar em pé e tive que pegar ela nos braços e levar ao colchão. Deitei-a de bruços e comecei a massagear seus pulsos e tornozelos até que as marcas das cordas começassem a diminuir. Fui até a mesa e trouxe uma garrafa com salmoura dentro e com um pano fui delicadamente passando nas marcas em sua pele alva. Ela sentia dor, apertando os lábios e as nádegas com força. Depois de diminuir o inchaço, peguei gelo e comecei a passar delicadamente até que ela começou a reclamar menos com gemidos e começou a se espalhar felinamente na cama.

Enquanto eu me sentava com as costas na parede, ela ficou de quatro de frente para mim e engatinhando veio em direção aos meus pés e começou a beijá-los e passar o rosto neles, foi subindo pelas minhas pernas e quando chegou na minha pélvis começou a brincar com minha masculinidade por cima do tecido negro da cueca, dando mordidas leves. Depois beijou minha barriga e foi até meu peito onde se aninhou de lado. Ela olhou para mim e com carinha mimada e fazendo biquinho e empostado novamente a voz como se fosse uma criança falou: ”faz carinho no seu bebê? O dodói do bebê tá doendo...”, eu não agüentei e sorri de orelha a orelha, aquele jogo dela de mudar a voz me encantava e excitava profundamente.

Deitei sobre o meu lado esquerdo e estendi o braço esquerdo para ela usar de travesseiro, estirei-me no colchão e puxei sua perna esquerda por cima de mim, encaixando sua púbis em minha cintura. Ergui um pouco a cabeça para visualizar suas nádegas e posei minha mão suavemente em cima das marcas. Ao tocar em sua pele açoitada, ela se encolheu, esfregando sua calcinha em meu flanco e abraçando-me mais forte, inicialmente achei que estava apenas com dor, mas ao escutar o barulho do ar sendo aspirado entre os dentes trincados e a pressão em minha cintura sendo aumentada, com grande contentamento percebi que a dor a fazia sentir arrepios de prazer.

Beijei delicadamente seus lábios, seu rosto e sua testa e falei baixinho no ouvido dela: “Descanse meu bebê”. Falei com minha voz normal, pois eu tentando falar como se estivesse falando com uma criança soava ridículo.

(Continua)

quarta-feira, 6 de março de 2013

Sob meu critério (Parte 04) – Marcelo Silva

- Eu não quero você pense, apenas que reaja...

Afrouxei uma das cordas de uma das pernas e mudei de posição, prendendo lateralmente ao lado do colchão, porém cruzando-as para que suas pernas ficassem juntas sem poder abrir. Quando fui mexer nas cordas dos braços, blefei: “Melhor não tentar fugir, pois espalhei diversas armadilhas daqui até a porta. Você é linda, e sabe disso. Tenho certeza que você não gostaria de levar uma cicatriz horrível pelo resto da vida. Ok?”. Ela assentiu com a cabeça e soltei um dos braços e torci ele atrás das costas, ela gemeu de dor, mas ficou quieta. Agora com ela contida pude soltar o outro braço e prender os dois juntos em suas costas. Agora ela podia ficar de joelhos, ou deitada de bruços ou deitada de costas.


Ela escolheu ficar de joelhos, acendi mais um cigarro e expliquei que tinha todo o tempo do mundo para ficar aqui com ela. Porém, caso ela quisesse sair antes, poderia sair. Com um tom meio incrédulo ela perguntou se poderia ir embora naquele momento. Respondi que não, mas que ela passaria menos tempo ali caso concordasse com algumas regras. As MINHAS regras. Ela concordou e comecei a falar pausadamente as quatro regras: “Regra número 1: eu mando e você obedece. Regra número dois : você só irá falar quando for permitido. Regra número três: Muito provavelmente, quando você sair daqui, nunca mais ouvirá falar de mim. Baseando-se nisso, a segunda regra é não sentir-se envergonhada com nada! SEMPRE me olhe nos olhos! Regra número quatro: Qualquer quebra de uma das regras anteriores, voltamos de novo ao ponto de partida com você vendada e amordaçada, voltaremos ao clorofórmio, à musica, à venda e à mordaça.”. Ela perguntou se deveria acreditar em mim e expliquei: "Não deveria! Você está indefesa, ninguém sabe onde você está, seu celular eu retirei a bateria, você não conseguiria sair em segurança daqui sem minha ajuda, você não me conhece e nada te garante nada! Porém observe que eu não estou lhe machucando, que estou conversando com você, que você confia que pode controlar a situação e ir embora e principalmente: porque eu quero.”. Ela assentiu mais uma vez com a cabeça e falou: “Tudo bem... Vamos tentar... Mas solta um pouco esta corda que esta me incomodando...”

Fui até a mesa, e sem ela perceber molhei o lenço em clorofórmio, fui por trás dela e a pus para dormir novamente. Amarrei ela na mesma posição de antes, voltei a musica, vendei e amordacei novamente e esperei ela acordar... Traduzi novamente a musica e tirei sua mordaça e sua venda, foi quando ela falou:

- Porra!!! Isso está queimando meu nariz e minha boca!!!!

Mais uma vez, peguei o lenço com clorofórmio, e quando cheguei perto ela travou a boca com os lábios com tal força que estes perderam a cor. Seus olhos fitaram os meus e depois se viraram para baixo. Ela respirou fundo e falou que não precisaria, deitou-se e fechou os olhos para que eu a venda-se e amordaça-se. Cheguei bem perto da orelha dela, podia sentir o odor de seu suor fresco, sua respiração estava mais calma e sua feição segura. Respirei fundo duas vezes e falei:

- Sem conseções...

E a fiz dormir novamente para recomeçarmos mais uma vez.

Podia notar nitidamente que a cada repetição do jogo ela oscilava entra a fúria e a submissão, seu lado forte e decidido ainda achava que podia tentar controlar a situação, enquanto seu lado fêmea cedia e se entregava a cada movimento. Porém os dois lados não abriam mão de continuar o jogo. Quando retirei sua venda e sua mordaça, ela ficou estática , tensa; quase sem respirar. Novamente reconfigurei as cordas das pernas e Afrouxei as cordas da parede que prendiam os braços. Dando um golpe seco nas cordas falei:

- De joelhos!

Ela assim ficou, e com a cabeça baixa. Seus cabelos molhados de suor escondiam sua face e vários fios colaram-se em sua nuca, espáduas e em parte de seu vestido. Atei suas mãos às costas e depois prendi seus pulsos junto aos pés.

Sentei na cadeira e falei:

- Quatro regras!

Ela levantou o rosto, sacudiu os cabelos e se empinou de uma forma que seus seios se projetaram para a frente. Me olhou fixamente e sem esboçar nada, acelerou a respiração. Fui até ela e aproximei vagarosamente meu rosto do dela, quando estava bem próximo ela umedeceu os lábios com a língua, fazendo-os brilhar como se estivessem plastificados e entreabriu a boca. Me afastei um pouco e ela voltou a me fitar, com a boca fechada. Me aproximei novamente e fiquei olhando no fundo de seus olhos até que nossas respirações começaram a se misturar e ela começou a respirar mais fundo. O som de seu fôlego preenchia o ambiente.

Me afastei um pouco e falei que pelo seu comportamento, ela teria direito a uma pergunta. Ela me perguntou se eu poderia usar camisinha. Esbocei um sorriso para que ela entendesse a situação de forma clara e falei que não queria o corpo dela, e sim sua alma. Minhas palavras provocaram uma sutil mudança em sua face. Ela esboçou um leve sorriso e balançou a cabeça afirmativamente. Agora seus olhos pareciam sorrir enquanto o resto do rosto se mantinha impassível, receosa de ter que recomeçar todo o jogo novamente.

Me levantei, fui até a mesa e abri uma garrafa de vinho seco, uvas “Merlot”. Servi duas taças e me aproximando dela falei que devíamos comemorar sua passagem pela primeira lição, a obediência. Sorvi um pequeno gole e levei a taça ate seus maravilhosos lábios. Ao tomar o único gole que permiti, seu rosto exibiu uma breve feição de desagrado, era óbvio que ela não gostava de vinho seco.

Ajoelhei-me atrás dela e comecei a cheirar seus cabelos delicadamente, vagarosamente. Cheirei sua nuca, seus ombros, suas orelhas. Sua respiração mudava de cadencia quando meu hálito tocava sua pele. Os pelos de seus braços e costas estão eriçados, completamente arrepiados. S vezes as ondas de prazer tomavam seu corpo de assalto e ela entreabria a boca e deixa escapar um gemido que era imediatamente interrompido por ela própria. Boa menina, boa menina.

Soltei seus pulsos de seus pés e soltei suas mãos uma da outra, com o cuidado de não deixar chances para que ela tentasse algo. Ainda não tinha sua devoção e não pretendia arriscar. Ainda atrás dela, e segurando seus pulsos sob seu ventre, abracei suas costas e finalmente senti sua pele pela primeira vez. O contato de meu pescoço com sua pele branca me sentir algo que nasceu entre minhas pernas e explodiu no topo de minha cabeça, espalhando um formigamento pelos meus ombros que se propagaram até minhas mãos onde apertei seus pulsos e a puxei mais forte contra meu corpo. Um longo e tremulo gemido não foi contido e ecoou de sua boca até cada centímetro de cada parede próxima. Apertei muito mais forte seus tornozelos com as faixas de seda até escutar um breve gemido de dor. Ergui seus braços e os deixei para o alto e levemente comecei a retirar o seu vestido. Fui enrolando de baixo para cima, os dois lados simetricamente iguais. Ia recolhendo com os dedos mínimos, depois os anelares, depois os médios, os indicadores e voltava para os mínimos. Recolhi sua veste lentamente até que chagando na altura de seu colo eu cravei os dedos, apertando suas laterais junto ao tecido. Ela manteve os braços para cima, mesmo tendo pequenos espasmos com a sensação que viajava de sua lateral pelo corpo inteiro. Levemente eu retirei seu vestido que aos poucos foi soltando seus cabelos por cima de seu torso nu. Lentamente seus cabelos desabavam por sobre seus ombros. Joguei sua roupa em um canto e prendi seus pulsos um ao outro, desta vez pela frente, e fui até a parede. Na argola mais alta do centro passei outra corda. E trouxe uma das pontas para perto dela. Pus minha mão esquerda delicadamente em sua nuca e a direita pus em suas ancas e como se ela fosse uma escultura frágil, deitei-a suavemente com ela olhando para cima em busca de meus olhos. Coloquei seus pulsos atados para trás, acima de sua cabeça e prendi na ponta da corda que a esperava. Tencionei de forma firme e libertei suas pernas, liberando um sorriso de prazer que ela não fez questão de esconder.

Fui para frente do colchão, a um passo de distancia. Comecei a puxar a outra ponta da corda, ela ainda não tinha visto o que a aguardava e olhou para trás e imediatamente olhou para mim com um olhar de súplica e medo. Mas continuou quieta. De pé e de frente para ela deitada apenas de calcinha e com os pulsos presos na ponta de minha corda, fui lentamente puxando, arrastando seu corpo em direção à parede, faltando pouco espaço para chegar no encontro do colchão com a parede, seus braços já se projetavam para o alto. Ela tentou ajudar a subida com as pernas e dei um tranco forte na corda que fez ela se assustar e soltar um pequeno grito fino. Quando ela olhou para mim, eu estava balançando a cabeça negativamente, ela estendeu as pernas respirou fundo e apertou os olhos. Não era uma quebra de regra, não era vergonha; ela em silencio se preparava para a deliciosa dor que imaginava se aproximar.

Quando tencionei a corda ao máximo e que seu corpo iniciou a subida, suas axilas se distenderam ao máximo, seus seios foram comprimidos pelos músculos dos braços e os dedos das mãos começaram um balé furioso enquanto seus olhos e sua boca mostravam cada picada de dor que percorria seu corpo. O espetáculo era belo, magnífico! E fiz questão que durasse o máximo possível. Quando suas nádegas começaram a sair do colchão e sua púbis projetou-se mais à frente, instintivamente ela cruzou as pernas tentando esconder sua intimidade, com mais um golpe seco na corda, desta vez com muito mais força, ela descruzou a pernas enquanto lágrimas desciam de sua face. Seus dedos começaram a ficar roxos, e ela contorcia o pescoço tentando desesperadamente aliviar a dor que percorria dos seus ombros até os pulsos. Ainda com a corda tencionada me aproximei e falei que ela não deveria lutar contra a dor, que tentasse se entregar, que deixasse que a dor a libertasse de si mesma. Ela tentava respirar fundo para relaxar, mas devido à posição que se encontrava não conseguia respirações profundas, apenas um resfolegar rápido e curto entrecortado pelas tentativas de um respiro mais pleno.

Com ela ainda suspensa, fui até a sua frente e falei que iria ajudar ela a abraçar a dor que vinha de seus braços. Olhei para seus seios cujos bicos de tão duros, formavam pequenos pontos protuberantes em toda a aureola. Passei as costas das minhas mãos enluvadas por toda a superfície deles, ao mesmo tempo abri os dedos e encaixei seus mamilos entre os nós dos dedos médio e indicador e comecei a alternar entre uma carícia suave e um beliscão vagaroso, tenso delicioso. Isto fez com que ela puxasse mais ar por conta da excitação do toque e ao mesmo tempo provocasse mais dor nos braços e nas costas. Aquilo se transformou num ciclo sem fim, onde cada vez que ela era açoitada pelo prazer do meu toque, ela respirava mais fundo e conseqüentemente sentia mais dores e eu a acariciava mais. Em certo momento ela começou a gemer, a ficar ofegante e mover a cabeça de um lado para o outro cada vez mais rápido. Sua respiração denunciava que seu gozo se aproximava e então ela cravou seus dentes em seu braço direito, cruzou a pernas e pendurou-se completamente pelos pulsos, suas mãos tentavam agarrar algo intangível, e suas pernas se esfregavam uma na outra como se fossem duas serpentes se enroscando. Pensei comigo: “Eis o momento!”. Rapidamente continuei a suspendê-la e a cada puxada na corda, seu orgasmo recomeçava e emendava ao anterior. Finalmente ela estava completamente suspensa, com seus pés a balançar, pendendo através de suas pernas que ainda tinham espasmos do resto de sua explosão de prazer. Agora completamente relaxada, e com a cabeça pendendo um pouco para o braço esquerdo, ela ainda tinha choques de prazer percorrendo todo o seu corpo.

Delicadamente baixei seu corpo que parecia sem vida, ela foi tocando o colchão e caindo lentamente de lado. Deixei-aela aproveitar cada segundo em silencio e quando ela tentou se por em uma posição mais confortável, gemeu de dor e mexeu os ombros tentando se acostumar com o incomodo.

Afrouxei todas as suas cordas e delicadamente a deitei de bruços no centro exato do colchão, com a cabeça virada para o seu lado direito. Deixei as cordas presas porém com possibilidades para seus movimentos. Delicadamente e respeitando seus gemidos, afastei seus braços um do outro, flexionei seus cotovelos e abrir suas pernas e ajustei as cordas para que ela assim o ficasse. Ao abrir suas pernas senti o cheiro inebriante que emanava de sua calcinha completamente encharcada. Me contive, pois ainda tínhamos caminhos muito longos a serem percorridos antes que ela estivesse pronta para me receber.

Fui até uma caixa térmica abaixo da mesa e peguei o óleo de calêndula e comecei a desenhar com o filete que escorria do frasco vermelho. Enquanto eu traçava linhas aleatórias nas suas costas, o contato com o óleo gelado a fazia se contorcer e ela começou a soluçar baixinho, um choro de menina, uma criança que nascia naquele momento.

Comecei a massagear suas costas, partindo da base de sua coluna nas nádegas e subindo até chegar aos seus ombros que estavam tensos e doloridos, minha massagem arrancava gemidos que se misturavam entre dor e prazer, massageie seus pulsos, seus braços, seus ombros, seu pescoço e toda a extensão de suas costas. Eu notava que ela queria falar, ensaiava abrir a boca, mas seguia as regras do jogo e continha suas palavras. Ajeitei seus cabelos e me aproximei e permiti que ela falasse, e ela com a voz dos que passaram pela pequena morte do gozo, me pediu que retirasse as luvas, que queria sentir minhas mãos. Sem nada falar me levantei, fui até a mesa e trouxe um prato, álcool e fósforos, e ela acompanhando tudo com o olhar curioso. Retirei as luvas, coloquei no prato, encharquei com álcool e acendi, ela sorriu maliciosamente e se ajeitou, espreguiçado-se gostosamente. Voltei até bem próximo de seu rosto e falei que nunca mais teria nada entre nós dois, que a partir daquele momento, nada ficaria entre mim e ela. Ela abriu os olhos e perguntou: “Promete?”, dei um sorriso e voltei às suas costas e comecei a esfregar minhas mãos uma na outra até que o calor gerado ficasse insuportável e depois com as palmas abertas, aproximei minhas mãos de sua pele, mas sem chegar a tocar. O calor que irradiava de minhas mãos atingia a sua pele e cada centímetro desta região parecia se contorcer, como se seus vasos por baixo da pele reagissem violentamente ao calor em contraste com o gélido óleo que emprestava uma cor irreal à sua pele. Repeti o processo de aquecer as mãos várias vezes, até que toda sua pele oleada tivesse recebido minha carícia a distancia. Ela sorria, se ajeitava, enfiava o rosto no colchão e sorria baixinho. Minhas mãos doíam absurdamente, então me levantei e da mesa trouxe uma coleira de couro cru , uma corrente fina porém resistente e dois cadeados. Prendi uma ponta da corrente na argola central mais baixa da parede de trás e pus a coleira nela, fechando e prendendo com um cadeado que também prendia a coleira à outra ponta da corrente.

Libertei-a de todas as cordas e faixas de seda, massageando cada lugar que ficou marcado. Conferi os limites que a corrente daria a ela e verifiquei se nada tinha ficado ao seu alcance. Já seguro de sua impossibilidade de fuga, fui até o balcão e trouxe três grandes almofadas que pus próximo a parede. Virei ela de frente de forma que ela caiu nos meus braços, a ergui e a coloquei confortavelmente apoiada nas almofadas. Seu apaixonante olhar me acompanhava o tempo inteiro, e ela se aninhou nas almofadas e suspirou sorrindo para mim.. Fui a caixa térmica e de lá trouxe uma bandeja com uvas, isotônico, cockies integrais, água e um pequeno pote de sorvete de limão.

Pus à sua frente e ela já sabendo das regras e de como me pedir para falar sem usar a voz, piscou para mim e com um sorriso fantástico abriu a boca como se quisesse falar. Permiti que ela falasse e ela agradeceu, falou que adorava frutas e que o isotônico era muito bom para o corpo e desandou a falar sem parar até que eu a interrompi e perguntei suas impressões sobre tudo o que ela tinha passado. Ela respondeu que não tinha como explicar, que apenas não era mais a mesma e quis saber se estava seguindo as regras do jogo, com um sorriso onde exibi minha dentadura quase completa, falei que sim e que ela estava sendo uma boa menina, uma boa, educada e deliciosa menina.

Fui até a caixa térmica e peguei uma cerveja, tomei metade de uma só vez, enxuguei a espuma do bigode e da barba com as costas do braço e me sentei para observar ela comer e falar sem parar. Era maravilhoso vê-la conversar sobre tantas coisas como se nada tivesse acontecido, como se tivesse acabado de fazer algo normal e trivial em sua vida; como se tivesse acabado de sair de um banho relaxante.

Ela comeu tudo, terminou o isotônico e perguntou: “E agora?”. Olhei para o relógio e respondi que agora ela deveria descansar, eram duas da manhã e ela precisava descansar. Aproximei a cadeira até que tocasse o colchão e ordenei que ela retirasse meus sapatos e meias, ela quis comentar algo sobre as horas e falei que agora era hora de descansar, que ela precisaria estar recuperada para o restante da partida. Ela retirou meus sapatos e meias e acariciou meus pés. A cada movimento seu, as correntes tilintavam numa maravilhosa sinfonia, e quando encostavam em suas costas ela dava gritinhos e se encolhia devido ao toque frio do metal.

O limite da corrente não permitia que ela pusesse a cabeça para fora do colchão, e falei para ela trazer as almofadas pro lado de cá, pois queria que ela dormisse aos meus pés.
Ela trouxe, ajeitou seu canto e me surpreendeu pondo a cabeça próximo aos meus pés e beijando demoradamente cada um deles, me deu um boa noite e abraçada à minha perna deitou e dormiu, com o olhar eu mais uma vez verifiquei se nada poderia dar errado e me recostei na cadeira e as cenas foram se fundindo em minha mente e logo também adormeci.

(Continua)

terça-feira, 5 de março de 2013

Sob meu critério (Parte 03) – Marcelo Silva

Ainda fechando a porta, escuto movimentos dentro do carro, ela não adormeceu completamente e sou obrigado a correr. Ponho as luvas de cetim negro, pois não creio eu que eu esteja pronto para tocar sua pele e nem quero que ela sinta o meu toque ainda, ficaremos momentaneamente separados pela fina camada de tecido suave. Eu a pego em meus braços e mesmo desacordada ela reluta. Levo-a para o colchão e a coloco em cima das pétalas que a esperam. Rapidamente mas com bastante atenção, eu amarro as faixas de seda em seus pulsos, de forma firme para não sair, porem que permita sua circulação. Prendo a seda nas cordas e deixo uma sobra para permitir algum movimento, faço a mesma coisa em seus tornozelos. Coloco uma venda em seus olhos e com mais uma peça de seda eu dou um grande e volumoso nó no meio, abro sua boca e amordaço ela, Seu hálito me embriaga...

Apago a luz branca e acendo uma luz negra que rebate nas paredes, no teto e no piso branco e tudo assume um tom surreal. Acendo os incensos e ela começa a despertar. Quando acendo a última das dezenas de velas ela esta quase completamente desperta. Philip Glass invade o ambiente com sua “Island” e eu puxo uma cadeira e sento-me a sua frente a espera de seu despertar. Com seus movimentos involuntários o vestido começa a subir um pouco e exibir sua belas e torneadas pernas, mesmo agora no controle da situação eu me controlo e assumo meu papel de tutor, de mestre.


Ela acorda e começa a vasculhar o ambiente como se fosse um cego que fica olhando para cima e para os lados ao mesmo tempo. Parecia que acompanhava a cadencia da musica. Ela tenta soltar as mãos, mas não conseguia, o comprimento da corda não permitia que sua boca alcançasse os nós, como era o seu desejo naquele momento. Ela começou a se debater tentando soltar os pés mas não obteve sucessoDurante todo o tempo ela fez tudo no mais absoluto silencio, a venda em seus olhos e meu silencio sepulcral aparentemente fizeram ela imaginar que está sozinha. Ela desistiu de tentar se libertar e começou a respirar fundo, levantando o nariz como se tentasse farejar o ar. Por ultimo, como se entregasse os pontos e compreendesse que estava completamente imobilizada e indefesa, relaxou as pernas e os braços, deixando-se cair sobre o colchão. Isso durou cerca de 6 minutos, tempo suficiente para que Philip Glass terminasse sua apresentação e começasse mai uma musica, desta vez é Pink Floyd que entra nos nossos ouvidos, tocando “Hey you”.

Ela agora se mexe mais uma vez, voltando as orelhas em direção ao som, tentando identificar alguma coisa. Com bolas de gude dentro de minha boca e empostando a voz em frente a um ventilador em uma tentativa que ela não me reconheça, começo a traduzir cada verso da música:

“Ei você,”

Ao escutar a minha voz ele se estremece e tenta se proteger se encolhendo, mas a “bondage” com a qual a aprisionei não permite isso, ela tenta falar, depois gritar e só então começa a chorar. Eu assisto a tudo impassível e levanto-me e desligo a música. Aguardo o término de seu pranto, quando tudo o que resta são apenas soluços entrecortados por rugidos de raiva, Eu me levanto, e novamente ligo a música e ela novamente retoma a revolta e as lágrimas. E novamente eu desligo a música e espero... Isso se repetiu por 8 vezes.

Finalmente ela entendeu que aquilo se repetiria por toda uma vida caso ela não parasse. Novamente ligo a musica e a cada verso eu traduzo para ela:


“Ei você,
Aí fora no frio
Ficando solitário, ficando velho
Você pode me sentir?

Ei você,
De pé no corredor
Com pés sarnentos e sorriso fraco
Você pode me sentir?

Ei você,
Não os ajude a enterrar a luz
Não se entregue sem lutar

Ei você,
Aí fora sozinho
Sentado nu ao telefone
Você poderia me tocar?

Ei você,
Com o ouvido contra o muro
Esperando alguém gritar
Você poderia me tocar?

Ei você,
Você me ajudaria a carregar a pedra?
Abra seu coração, estou indo para casa

Mas isso era apenas fantasia
O muro era muito alto, como você pode ver
Não importava o quanto ele tentasse, ele não conseguia se libertar
E os vermes comeram seu cérebro

Ei você,
Aí fora na estrada
Sempre fazendo o que te mandam
Você pode me ajudar?

Ei você,
Aí fora além do muro
Quebrando garrafas no corredor
Você pode me ajudar?

Ei você,
Não me diga que não há mais nenhuma esperança
Juntos nós resistimos, separados nós caímos”

Ela escutou cada silaba tentando compreender o que se passava ou tentando identificar minha voz. Sem sucesso. Me aproximei lentamente e ela percebeu minha chegada e se agitou mais um vez, em silencio eu toquei na barra de seu vestido e ela estremeceu e começou a se debater. Pus minha mão esquerda em seu pescoço e a imobilizei. Só então percebi o quão frágil era a região de seu pescoço e ombros. Ela tinha um corpo frágil, mas acreditei que seria forte o suficiente para que conseguisse fazer a passagem do irreal para ela mesma. O contraste de sua pele branca, banhado pela luz negra e de encontro ao negro de minhas luvas montavam um quadro perfeito. O mesmo ocorreu com sua pernas.

Ao sentir minhas mãos em seu pescoço ela começou a soluçar mais uma vez, eu retomei a barra de seu vestido que já estava quase na cintura e tentando desviar o olhar de sua calcinha, puxei o vestido de volta para o lugar dele. Ao perceber isso ela, por trás da venda ela arqueou as sobrancelhas num claro sinal de curiosidade. Ela tentou falar mas não conseguiu. Nisso os pombos se inquietaram no forro e ela voltou a cabeça instintivamente para cima em direção ao teto. Seu pescoço era lindo! Sua jugular pulsava de uma forma tão violenta que parecia que iria arrebentar-se em jorros de sangue. Agora eu via suas narinas dilatas e ofegantes, um fio de mucosa escorria por conta das lágrimas e delicadamente limpei com um lenço.

Voltei para a frente do ventilador e perguntei se ela tinha sede, ela balançou a cabeça positivamente. Peguei um copo plástico e levei água para ela. Delicadamente retirei a mordaça e aproximei o copo dos lábio dela que estavam vermelhos por ficarem forçando a mordaça. Ela começou a sorver a água vagarosamente e respirando fundo. De repente ela avançou e conseguiu achar meu braço direito com a boca e cravou os dentes de uma forma que perdi as forças do braço e me esforcei para segurar o grito. O copo caui no colo dela e molhou o vestido, desenhando os bicos dos seios dela no tecido fino e úmido. Mesmo por cima do grosso casaco, seus dentes tentaram arrancar um pedaço de mim. Me deliciei com a cena, aproveitando cada impulso de dor, cada segundo da perda do controle, para só então com a mão esquerda abrir sua mandíbula até conseguir me libertar.

Ela começou a gritar como uma louca e se debater como um animal ferido de morte. Avaliei o estrago em meu braço e a segurei pelos ombros enquanto ela ainda tentava me morder. Consigui me posicionar por trás dela e pus a mordaça novamente enquanto suas ultimas palavras foram: “...Por favor me deixa ir embora...”.

Voltei para minha posição na cadeira, e comecei a explicar a situação:

- Entenda, você esta sob meu critério em qualquer parte de sua vida a partir de agora. Você compreende que tenho o poder de vida ou morte sobre você? Acene a cabeça se entendeu.

Ela maneou nervosamente a cabeça em uma afirmativa pouco convincente.

- Você se lembra da letra da música que ditei para você? Conseguiu compreender?

Ela negou decididamente.

- Caso eu retire a mordaça, você irá se comportar para podermos conversar?

Ela assentiu.

- Preciso que compreenda: Cada desobediência sua, terá uma conseqüência, compreende?

Mais uma vez ela concordou e me dirigi a ela. Quando a tocava ela se encolhia num misto de medo e asco. Retirei a sua mordaça e ela ficou em silencio. Estiquie as cordas ao máximo e ela tentou protestar ao que respondi com um “hum-hum” avisando que era um erro. Ela ficou mais linda assim com os membros distendidos, e agora completamente imobilizada. Peguei seu braço direito com as duas mãos, e mordi, mordi como se fosse o ultimo ato possível em minha vida, mordi como se fosse um lobo faminto; mordi esperando seu grito ou gemido, mas pelo canto do olho pude observar que ela apenas mordia os lábios até que eles perdessem a cor. Num momento de delírio e bobeira falei ao seu ouvido: “Ótimo, assim que eu gosto!”. Imediatamente suas sobrancelhas se arquearam e ela virou o rosto em minha direção e começou a tentar me identificar pela voz e pelo cheio. Subitamente tomado por uma ira insana comigo mesmo, me levantei e voltei à minha cadeira.

Calado e com medo que ela tivesse me identificado antes da hora certa, fiquei analisando aquele corpo perfeito em minha frente, foi quando ela falou: “Tenho certeza que eu lhe conheço, o que você quer? Dinheiro? Eu posso lhe dar, mas deixe-me ir.”. Meu silencio ia irritando ela, e ela começou a tentar ganhar minha confiança, e falava que entendia as diferenças do mundo, que ela sentia remorso de ter uma vida estável enquanto tantos nada tinham, etc. Me levantei, fui até a mesa e lá peguei um alicate de ferreiro e sem que ela esperasse, segurei o dedo mínimo dela e comecei a apertar vagarosamente e falei sem me preocupar com minha voz: “Não tente jogos mentais comigo, por hora você me pertence e você que é a peça do jogo. Acredite, você não sabe NADA sobre nada... Ainda!”. Seu dedo estava vermelho e ela calada, impassível e fria. A não ser pelo pequeno detalhe dos bicos de seus seios que pareciam querer furar o tecido.

Voltei a cadeira e falei: “Agora podemos conversar, tenho certeza que você entendeu as regras deste jogo: Eu jogo e você me segue, eu ordeno e você obedece, eu seguro as rédeas e você tem o prazer.”. Ela respirou fundo e propôs: “Você me possui, eu faço o que você quiser e depois você me deixa ir, pode ficar com o carro e com o que você mais quiser, aceita esse trato?”. Não respondi, apenas caminhei até ela, retirei sua venda e enquanto ela tentava se acostumar com a luz do ambiente eu voltei à cadeira.
Ao conseguir me identificar ela apenas exclamou: “Você???”. Respondi: “Sim, eu. Agora que você sabe que varias pessoas me viram perto de você hoje, eu não tenho nenhum problema em fazer o que eu quiser com você, afinal já serei o principal suspeito mesmo! Você agora pode ter a devida noção que tenho planos muito longos para nós dois.” Acendi um cigarro e ficamos cerca de 10 minutos em silencio nos analisando mutuamente. Esse jogo de silencio foi forte e intenso, enquanto durou o cigarro, seus olhos bailavam entre o meu olhar e o ambiente. Após esse tempo ela me perguntou sobre o gato, o que eu havia feito com ele e se era o mesmo gato de sempre, quando contei sobre o felino ela riu, mas imediatamente cortou o riso, como se não quisesse admitir que estava confortável mesmo estando presa e a minha mercê.

“O que você deseja de mim”, me perguntou. “nada e tudo. Seu corpo, sua alma e sua vontade. Mas principalmente o prazer de ver o seu prazer. Você me atrai como a chama atrai a mariposa, sua sede de tudo isso foi um chamariz e sua vida medíocre que levas ao lado de teu marido não pode nem deve continuar. Eu conheço seus desejos, eu sei de onde você veio e onde quer chegar. Você até sabe onde estão as portas, mas sou eu quem tenho as chaves. Desde que te vi na rede social e pude observar suas fotos, sua linguagem corporal com o corpo sempre voltado para longe do marido mesmo abraçando ele. Seu olhar sempre distante a procura de algo que você mesma não compreende, a forma como você encara as lentes como se quisesse entrar em outro mundo através da máquina. Você não é feliz, e seu casamento é uma farsa social que você se recusa mas ao mesmo tempo aceita levar adiante. Pude observar seus sites favoritos: Todos acerca do livro “50 tons de cinza”, e principalmente sua sede por tudo que contenha o sobrenome “Gray”. Foi assim que te vi desnuda, que enxerguei tua alma; que te escolhi como pasto de minha vontade.”

Atentamente escutando, ela pediu para que afrouxasse um pouco as cordas. Fui até a mesa e peguei uma faca afiada e me aproximei lentamente. Sua respiração quase parou, seus olhos arregalaram-se e peguei a barra do vestido, medi até a altura das coxas onde ainda cobrisse sua calcinha e cortei o tecido vagarosamente, fazendo questão que a lamina afiada tocasse sua pele. Durante toda a poda, ela prendeu a respiração, e ao final segurei seu mamilo esquerdo e apertei devagar, aumentando a pressão e falei ao seu ouvido:”entenda minha cara: aqui você não manda nem pede, no máximo pode implorar por algo. E mesmo assim não te garanto que conseguirás.”. Pus a lamina em seu rosto e deslizei até seu colo e perguntei:”Agora, sabendo que estou com uma faca afiada próxima ao teu pescoço, pode repetir a pergunta?”. E como surpreendente resposta ela me falou baixinho, quase sussurrando: ”Você poderia tomar no seu cú, seu filho da puta maldito?”

Peguei a faca e pus a ponta sobre a chama da vela mais próxima, e sem tirar os olhos do olhar assustado dela falei: “Pergunta errada!” e encostei a ponta da faca, já vermelha do fogo, na sola do pé dela. Ela segurou o grito até onde pode, segurou-se nas cordas até levantar seu corpo, arqueou as costas e de repente relaxou com um gemido de fêmea no cio, deixando-se escorrer de volta à posição inicial. Começou a chorar e virou o olhar para o outro lado. Segurei seu queixo e falei: “Não! Não acabamos nossa conversa, por enquanto quero que me fite nos olhos, pois ainda tens esse direito. E não chores! Eu sei que não é de dor, e sim de vergonha por ter se deliciado com a dor em teu pé. Agora, Repetindo mais uma vez: Pode repetir a pergunta?”.

Ela me olhou por baixo dos olhos e pediu: “Por favor, eu imploro: Me deixa mais confortável, assim não consigo pensar...”

(Continua...)

segunda-feira, 4 de março de 2013

Sob meu critério (Parte 02) – Marcelo Silva

Sigo pela rua no sentido do transito, passo por três ruas e viro à direita em uma rua que dá acesso à avenida principal. Do lado direito um imenso muro de uma antiga fábrica, todo pontilhado por enormes arvores, e do lado esquerdo vários salões comerciais antigos e também abandonados. Levou semanas, mas consegui acesso a um dos salões e troquei sua velha fechadura, durante semanas eu fui esvaziando o lixo do local e jogando nos salões vizinhos, puxei uma ligação elétrica clandestina, pintei as paredes, o teto e o piso de branco, e aos poucos fui trazendo tudo que iria precisar. Esvaziei minha bolsa junto com o que já estava lá: clorofórmio, estiletes, algemas, acessórios eróticos, água, comida, roupas de cama, um colchão e mais um sem-número de tralhas que compunham item-a-item o meu plano.

Nas parede, parafusei argolas de metal, assim como no chão ao redor do colchão. Me certifiquei várias vezes que qualquer som não seria ouvido. Liguei o som várias vezes em alto volume e saia para a rua deserta... NADA! Mesmo que alguém fosse louco o suficiente para passar a pé por aquela rua à noite, mesmo assim o som lá de dentro era praticamente inaudível do lado de fora.


Abro um pacote de cigarros e retiro um maço, acendo e confiro cada detalhe, cada item; cada canto daquele lugar que em breve seria minha masmorra particular, onde iria sub-julgar e dominar aquela mulher intrigante, aquele objeto de desejo. Pego biscoitos e como vagarosamente, escutando o silencio absoluto do lugar. De algum canto era possível escutar o barulho de água pingando e ecoando pelo vazio. Alguns pombos fizeram morada dentro do forro e por vezes seu bater de asas quebrava o silencio do ambiente, só alguns caminhões pesados que conseguiam se fazer ouvir quando passavam pela rua em busca de acesso à avenida.

Tomo água, molho meu rosto e noto que minhas têmporas latejam, prendo as cordas nas argolas do chão e da parede, checo cada nó e penduro laços de seda junto das cordas. No meio do salão existe um balcão de concreto da altura de meu umbigo, nele também parafusei algumas argolas, forrei ele com uma lona plástica emborrachada e por cima joguei um lençol de cetim vermelho. Espalhei velas vermelhas pelo resto do balcão e mais outras ao redor do colchão e pelos cantos do salão. Os incensos foram estrategicamente deixados próximo ao colchão.

Eu começo a pensar nela, na sua pele, no sabor de seu sexo, na textura de sua jugular, no cheiro que deve emanar de seus lábios íntimos quando excitados. Percebo que sou tomado por uma ereção absurda, todo meu corpo lateja, cada célula de meu corpo deseja ardentemente possuí-la. São chamas invisíveis que nascem entre minhas pernas e se espalham por todo meu ser. Minha masculinidade ereta e firme dói, querendo ser liberta das roupas que a contem. Atravesso o salão e ponho MP3 em cima do balcão, Philip Glass começa a despejar sua obra “closing” por todo ambiente. A musica minimalista e repetitiva me põe em alerta novamente. Coloco um forro no colchão e por cima cubro com lençóis de seda negra e espalho as pétalas colhidas pela manhã.

Já passa do meio dia, pelas minhas lembranças, eu já sei que ela almoça no trabalho e que depois costuma sair andando até uma padaria próxima onde se delicia sempre com a mesma coisa: uma torta de limão e um capuchinno grande, porem ela nunca come o croissant doce que acompanha o café. Procuro minha arma secreta e a localizo: vários tubos ocos e finos, com suas extremidades pontiagudas e vários deles soldados entre sim. Um pneu de qualquer tipo secaria imediatamente após passar por cima de um desses. Eu tenho mais de trinta comigo. Pego um sobretudo de couro negro com vários bolsos grande e começo a me preparar, Clorofórmio e lenço no bolso externo direito, chaves das portas no bolso externo esquerdo, luvas no bolso interno. Testo a porta da frente mais uma vez para ver se está devidamente lubrificada para que minha entrada furtiva seja o mais rápida possível. Philip Glass começa mais uma musica, desta vez é “Island”. Eu pauso a música. Quero que seja essa trilha sonora que vai marcar o despertar dela. É uma musica tensa, monocordica, até meio assustadora. É isso que quero para quebrar as correntes que a prendem a esse mundo, quero que o medo invada suas veias e que sua adrenalina exploda a cada movimento meu, a cada corte nas algemas que a prendem a esse mundo falso que eu aprendi a conseguir enxergar. Ela também vai enxergar, sinto que sim.

A masmorra está completamente organizada e a espera de sua vítima, de MINHA presa. Olho as horas e o ponteiro marca 15:45, as 17:00 ela sai e como todos os dias, ira novamente na padaria comprar pão fresco, tomar uma água mineral com gás, observando as pessoas na padaria e os pedestres através da vitrine. É nestes momentos que de longe percebo que ela já sabe que não faz parte deste mundo, seu olhar sempre em busca de algum sinal que lhe mostre a saída. Sempre o mesmo ritual: por a bolsa em cima da mesa, sentar-se e por o pão ao lado da bolsa, abrir a tampa da garrafa plástica, e observar as pessoas, então fecha os olhos (sempre) e dá um gole, seus olhos se apertam como se o gás da água lhe incomodasse. Então ela abre os olhos e continua a procurar algo que ela ainda não sabe, mas que deseja ardentemente. Sempre vai acelerando os goles, como se fosse sendo tomada por uma irritação. Ela procura mas não acha o que busca. Ela ainda não sabe o que quer. Quando termina sua água e sua pesquisa, ela volta andando para o carro e vai embora. Porem hoje isso não vai acontecer, não posso permitir que ela continue assim. Desta vez eu estarei em seu encalço.

O tempo começa a se arrastar, o calor está insuportável, mas não quero ligar o ventilador, isso estragaria os finos desenhos que fiz com os vincos dos lençóis e levaria embora as pétalas que espalhei organizadamente, meticolosamente num obsessivo padrão interno meu. O nervosismo toma conta de mim, preciso me controlar pois um passo em falso e poderei perder a chance de libertá-la. Acendo mais um cigarro, fumo encostado na parede. Não quero macular nada com um toque desajeitado. Tudo tem que estar perfeito para receber minha doce gazela. Meu covil a aguarda.

O alarme de celular toca, Olho para o relógio e ele marca 16:40. Está na hora!

Saio, fecho a porta de aço e caminho em direção ao outro lado da rua, mentalmente imagino o tempo que o pneu levaria para esvaziar completamente e espalho alguns dos grampos bem próximos a sarjeta. Sigo no sentido contrario ao transito da rua. Neste momento, alguns carros começam a utilizar a via de encontro à avenida. Nada com que se preocupar, do lado direito tem muitas arvores baixas que os motoristas evitam passar embaixo. Viro a esquerda seguindo o muro da velha fabrica, e após duas quadras entro novamente a esquerda e Avisto a padaria, entro e peço um café expresso, preto e sem açúcar. A padaria fervilha de clientes, pego meu café e me dirijo a uma das mesas bem no fundo, ao lado da vitrine onde ela sempre se senta antes de ir embora.

17:00, ela está vindo... Meu café está pela metade ainda. Minhas mãos suam quando penso na penugem que adorna sua nuca, minha língua estremece com a proximidade do momento onde vou sorver cada gota de suor e gozo de minha doce menina-mulher. De repente o lugar se ilumina com sua entrada, alguns rapazes no balcão se cutucam e fazem sinal para observá-la. Ela esta com os cabelos preso em um coque, quase posso sentir sua pele de seda. Ele se dirige ao extremo oposto do balcão, se distanciando dos rapazes. Ela sabe que é provocante! Mas no seu intimo ela procura algo mais que apenas sexo.

A padaria está movimentada, dezenas de pessoas entram e saem, são apenas gado seguindo a manada. Uma atendente esguia e de cabelos vermelhos se dirige a ela do outro lado do balcão e pergunta se será o mesmo de sempre, ela sorri e acena que sim. Ela é retraída perto de muita gente junta. Agora sentada de costas para mim no banco do balcão, me permite observar sua cintura e seu quadril desenhado pelos deuses. Então ela pega seu pão e sua água e se levanta, começo a olhar para a rua pela vitrine mas na verdade estou acompanhando seus passo pelo reflexo do vidro. Escuto ela puxar a cadeira, o barulho da bolsa sendo colocada em cima da mesa, o som do pão se acomodando dentro do saco e finalmente o barulho da garrafa sendo aberta e deixando escapar o gás encarcerado lá dentro. Mas algo sai do normal, seu celular começa a tocar e pelo reflexo a vejo identificar a chamada e fazer uma cara de enfado, ela atende e parece ser o marido do outro lado da linha. Ela fala que está na padaria e que depois irá para a academia e com um tom de voz irritado fala que não sabe se a que horas irá chegar, pois pretende passar na casa de uma amiga. Ela desliga o celular e quase que violentamente o joga em cima da mesa. Eu me viro e fico esperando que ela me note, mas ela olha para a vitrine atrás de mim sem se dar conta de minha presença bem na sua frente. Eu começo a me desesperar e suar, o ar-condicionado da padaria é um nada perante o calor que me calcina a pele por dentro. No terceiro gole de água quando ela resolve voltar sua atenção para as pessoas dentro da padaria ela me nota e sorri. E que sorriso!!!! Interpreto meu papel e me levanto e vou cumprimentá-la, ela pergunta se não quero sentar e eu pergunto se não a incomodaria, ela simplesmente aponta para a cadeira à frente dela.

Para meu desespero ela solta os cabelos e os deixar cair naturalmente, agora posso ver a bela pintura que é sua face. A margem de seus cabelos em sua testa formam um pequeno V, seus cabelos são volumosos e escondem suas orelhas, sua sobrancelha é forte e definida criando olhares simplesmente avassaladores. Seu nariz é afilado e levemente arrebitado, fazendo com que suas fossas nasais sejam ovaladas. Ao redor de sua boca, existem linhas fortes, de quem passa muito tempo sem sorrir, marcas de uma vida de desejos contidos e não-realizados. Seu rosto é lateralmente proeminente na altura dos lábios e vai se afinando até chegar no seu queixo levemente projetado para a frente. Seus lábios são finos, porém apetitosos, e seus dentes são harmonicamente dispostos em um sorriso que deixa transparecer a mulher-leoa que até aquele momento foi aprisionada dentro dela, pelas correntes do medo, da indiferença e da solidão.

Ela fala algo sobre o clima, depois sobre o gato e finalmente me pergunta se consegui achar o endereço, respondo afirmativamente e olho para o relógio como se estivesse com pressa, ela nota e continua a conversar coisas amenas até que termina sua água e fala que vai embora, eu falo que também estou de saída e nos levantamos juntos, e ao passar pelos rapazes lanço um olhar que provocou a inquietação deles. Ela agora estava sob minhas garras e meu olhar deixou bem claro para eles que o melhor era nem olharem para ela. Na calçada ela perguntou para que lado eu ia e falei que iria voltar pela frente do trabalho dela e ela falou com um sorriso alegre e infantil: “Vamos juntos então, meu carro esta estacionado na frente!”

Saímos pela calçada conversando e quando paramos em frente ao seu carro, me despedi com um acendo e sai andando o mais vagarosamente possível, ela se demora entre abrir o carro, por o cinto, desligar o alarme e ligar o carro, quando anda 2 metros percebe algo errado e tenta avançar novamente, sem que ela perceba me aproximo do vidro do carro e bato nele com as costas da mão, ela é tomada por um grande susto e arregala os olhos e fica sem entender o porque de eu estar apontando para a parte de trás do carro, ela abre o vidro e meio indignada fala que eu a assustei, peço desculpas e falo que seu pneu está vazio.

Ela murmura alguns palavrões baixinho e desce do carro com tanta raiva que a porta me atinge e por pouco não arrebenta o vidro de clorofórmio em meu bolso. Ele se desculpa e vai ver o pneu vazio, ela chuta o pneu com força e pragueja alto. Eu me preparo, aperto o vidro por cima do casaco com força, observo o movimento da rua e quando me preparo para o bote, escuto passos atrás de mim, era um dos vizinhos que veio em sua ajuda. Perguntou se precisava de auxilio e eu falei que iria trocar o pneu para ela. Mas ele insiste em ajudar e fica próximo. Começo a trocar o pneu enquanto ele tagarela sem parar com ela. Já começo a pensar em uma saída, em outro dia; em outra oportunidade. Mas quando vou pegar o estepe, meu sorriso se escancara de orelha a orelha, estava vazio! Quando informo isso a ela, ela pragueja, e começa a xingar alguém de filho da puta, lazarento e outros adjetivos raivosos. Imediatamente pega o celular e liga para alguém, que presumo seja o marido, e começam uma discussão sobre ele não ter deixado o estepe para arrumar a mais de 15 dias. Depois de alguns minutos discutindo a relação por telefone, ela desliga e pergunta o que fazer. Eu falo que ela pode ficar no trabalho esperando, pois seria mais seguro do que ficar na rua e eu pegaria um dos pneus e levaria em uma borracharia perto. Mais uma vez o vizinho se intrometeu e falou que ia pegar o carro para me levar. Fomos em silencio e após 20 minutos estávamos de volta e pus o pneu no lugar mas tive o cuidado de deixar os parafusos frouxos. Finalmente o intruso se retirou e pude agir.

Falei que seria melhor ela levar imediatamente o outro pneu para a borracharia, evitando assim que acontecesse de ficar sem nenhum novamente. E falei que se ela quisesse eu poderia acompanhar ela, afinal uma borracharia não era ambiente para uma pessoa tão distinta. Ela aceitou e perguntou se não seria muito incomodo, ignorei e sabendo que ela iria para o lugar do motorista, fui para a outra porta. Ao começar a andar ela escutou barulhos estranhos (eram os parafusos soltos) e desci para ver, inventei que o pneu parecia estar montado errado e pedi para tentar guiar o carro até a borracharia pois tinha mais experiência que ela nessas situações. Trocamos de lugar e tudo voltou a correr dentro do planejado. Andando vagarosamente pelas ruas escuras, de longe avistei a porta do salão e antes dela, a alguns metros de distancia pude ver o brilho dos grampos no chão. Fingi que desviava de algo e fui em direção às arvores, mediatamente escutamos um estouro e paramos. Ela sem entender desceu e quando olhou para o pneu dianteiro do lado do motorista totalmente vazio, esbravejou um grande e sonoro “puta que pariu!”, aquela seria sua ultima frase neste mundo que não era o dela. Agora começaria uma nova vida. Neste momento eu já estava posicionando atrás dela com o lenço já encharcado e a segurei e pus o lenço em seu rosto... Ela se debatia, tentava se soltar, me dava cotoveladas, mas em alguns segundos foi amolecendo e desfalecendo. Rapidamente a joguei dentro do carro e atravessei a rua, e rápido como um gatuno abri a porta do salão e voltei como um raio para o carro, mesmo com o pneu furado entrei e imediatamente cerrei as portas por dentro.
(Continua)